Doenças ocupacionais atingiram 2.360 alagoanos em 2018
Entre os agravos mais comuns estão os acidentes com animais peçonhentos
Trabalhadores e empresas estão mais atentos para os acidentes que podem ser causados no desempenho de muitas funções. Estatísticas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que, no ano passado, 2.360 alagoanos foram acometidos pelas doenças ocupacionais, também conhecidas como profissionais.
Entre os agravos ou doenças ocupacionais que afetaram os trabalhadores alagoanos em 2018, estão os acidentes de trabalho com exposição a material biológico (940), os acidentes de trabalho grave (633), as dermatoses ocupacionais (3), as intoxicações exógenas (78), as Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados do Trabalho – LER/Dort (134), perda auditiva induzida por ruído (7), câncer (6), pneumoconiose (1), transtorno mental (145), acidentes por animais peçonhentos (199), violências (65) e problemas na voz (149).
A supervisora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Gardênia Santana, destacou que o trabalho é relevante para a promoção da saúde ou de doenças, dependo do local e das condições ofertadas. “É importante que nós saibamos que o trabalho é um fator determinante desse processo saúde e doença, não só para o trabalhador, como também para sua família. O trabalho tem um caráter que dignifica o homem, mas, também, pode ser fator de adoecimento e até de morte. Esse tipo de consciência é a que precisamos repetir a fim de que possa ser absorvido, sobretudo pelo fator saúde”, destacou.
Ainda segundo Gardênia Santana, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador deixa clara a importância do Cerest ressaltar a intrasetorialidade, seja através da Atenção Primária e da Média e Alta Complexidade, seja pela atuação conjuntamente com as Secretarias de Estado da Educação (Seduc) e a da Assistência e Desenvolvimento Social (Seads), o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e entidades de controle social.
“Não se faz a saúde do trabalhador sem a aproximação com o mesmo. Por isso estamos conversando com os municípios para a implantação da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora [CISTTs]. Nós temos CISTTs implantadas apenas em Maceió e Arapiraca. Essas comissões são ligadas ao Conselho Estadual de Saúde, e o Cerest tem o papel de apoiar, haja vista que é uma comissão temática do Conselho, cujo tema tem tudo a ver com a questão da vigilância em saúde do trabalhador”, acrescentou Gardênia Santana.
Ela exemplifica que o indivíduo acometido por LER/Dort – problema provocado normalmente pelo excesso de uso do sistema musculoesquelético – precisa fazer exercícios de relaxamento, automassagem, alongar os dedos das mãos, pés, braços e movimentar o pescoço e as pernas. Esses movimentos exercitam o que ficou parado, irrigando os tecidos. Quem também fica muito tempo de pé deve, nesse tempo de descanso, sentar um pouco para relaxar as pernas e os pés.
“Isso deve ocorrer em qualquer função onde haja repetição de movimentos e também para pessoas que ficam muito tempo na mesma posição. A pausa deve ser de 10 minutos, a cada 50 trabalhados. O empregador deve se conscientizar que o seu empregado precisa de um descanso, a depender do seu posto na empresa”, destacou.
Segundo Gardênia Santana, uma das medidas que as empresas devem adotar para evitar que o seu colaborador se afaste da empresa, é detectar a LER ou as disfonias na primeira fase, onde há ausência e sinais específicos, como a presença de dor, peso nos braços, pontadas espontâneas na musculatura, não havendo interferência na produtividade. “Se você detecta na primeira fase os sinais e os sintomas, o risco é quase nulo de levar uma pessoa ao afastamento”, garantiu.
Em Alagoas, existem quatro Cerests, sendo três regionais, geridos pelos municípios – com sedes em Arapiraca, Maceió e Santana do Ipanema – e um estadual. Eles exercem o papel de promover retaguarda técnica especializada para o conjunto de ações e serviços da rede SUS.