Alagoas avança na diversificação de culturas na zona canavieira
Nos municípios de Anadia, Campo Alegre e Limoeiro de Anadia, a área de plantio já alcança 6.500 hectares de soja, milho, sorgo, algodão e feijão
Na região da Zona da Mata alagoana, a cana de açúcar já conta com dois ilustres vizinhos: a soja e o milho. Nos últimos três anos, as novas culturas vêm crescendo em produtividade de áreas e de plantio. O trabalho é acompanhado de perto pela Comissão de Grãos, instituída pelo Governo de Alagoas, que dá suporte e apoio aos produtores.
Na última semana, uma equipe de técnicos, pesquisadores e produtores percorreu as áreas de plantio da região em uma visita técnica. A proposta da "Caravana de Grãos", como explicou o presidente da Comissão de Grãos de Alagoas, Hibernon Cavalcante, foi mostrar para toda a cadeia produtiva os trabalhos de plantio, pesquisa e demonstrar os resultados obtidos junto aos principais produtores locais numa região tradicionalmente ocupada pela cana-de-açúcar e que carece de diversificação de culturas.
Em três municípios da Zona da Mata – Campo Alegre, Anadia e Limoeiro de Anadia – a área de plantio é de 6.500 hectares de soja, milho, sorgo, algodão e feijão, o que comprova a existência de uma nova matriz para a região. O início da colheita de soja nas três cidades está previsto para setembro.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Sílvio Bulhões, para consolidar ainda mais tanto a safra de soja, como a de milho, é necessário aumentar a área de plantio de grãos nas áreas canavieiras a cada ano. “O próximo passo será implantar uma infraestrutura para secagem e armazenamento de grãos”, afirma.
O diretor-presidente da Emater em Alagoas, Elizeu Rego, destacou que as áreas de plantio de grãos na Zona da Mata são estratégicas e que ajudam os produtores a superar as dificuldades que afetam o setor sucroenergético. “O apoio que o Governo de Alagoas oferece é muito importante para o fortalecimento desse segmento no cenário alagoano”, disse.
Integração
A cadeia produtiva de grãos faz parte de um elo comum a instituições financeiras, compradores, fornecedores de insumos, corretivos, fertilizantes, sementes e agrotóxicos, bem como a entidades de pesquisa (Embrapa e Ufal) e de extensão técnica (Emater). A participação de toda a cadeia na Caravana de Grãos oportunizou a integração dos produtores com esses outros setores, ligados direta ou indiretamente ao segmento.
O produtor Ivanilson Araújo, do Grupo Santana, afirmou que é possível fazer com que Alagoas tenha mais uma opção de produção agrícola: "A visita técnica às lavouras foi muito proveitosa e vai encorajar outras pessoas a investir no segmento. Ficaram claras as oportunidades de negócios no setor de grãos, onde há seis anos Alagoas demonstra sua potencialidade".
Atualmente, os técnicos da Embrapa vêm testando novas variedades, o que vem ajudando os produtores a escolherem as espécies ideais para cada região. "Este ano já estamos testando mais de 50 variedades de soja em Alagoas", afirmou o pesquisador da Embrapa Paulo Albuquerque. Segundo ele, a plantação de grãos em Alagoas merece destaque pelo estande, uniformidade e expansão em área e localização.
Everaldo Tenório, um dos maiores produtores de soja do estado, que está em sua quinta safra, afirma que este ano vem trabalhando com uma variedade melhor, que garante mais produtividade do que nos últimos três anos. "Temos boa perspectiva para a safra deste ano, já que tivemos uma distribuição muito boa de chuvas no período". Com 600 hectares plantados, Everaldo já exportou para fora do país, como para a China e Rússia, e no ano passado comercializou toda sua produção de soja para o vizinho estado de Pernambuco.
O ex-secretário de Estado da Agricultura e pesquisador da Embrapa, Antonio Santiago, ressalta a importância da parceria entre as instituições envolvidas na Comissão de Grãos e no Dia de Campo, evento onde é possível conhecer novas tecnologias para a diversificação de culturas. “O trabalho que os técnicos da Embrapa vêm desenvolvendo com pesquisa em soja, em Alagoas, também só é possível graças às parcerias com as instituições e com os produtores da região”, reconhece.