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Ministro ataca Drauzio Varella por reportagem sobre realidade de mulheres trans no cárcere

O médico entrevistou personagens que contaram como ingressaram no sistema prisional e as dificuldades que enfrentam no cárcere, incluindo o abandono e a solidão

Por Diário do Nordeste 09/03/2020 14h02
Ministro ataca Drauzio Varella por reportagem sobre realidade de mulheres trans no cárcere
Weintraub criticou Drauzio ao médico dizer que, além de não ter perguntado os crimes das detentas, não é juiz para julgá-las - Foto: Reprodução

O ministro da Educação, Abraham Weitraub, publicou mensagens, em sua conta no Twitter, atacando o médico Drauzio Varella por reportagem em que mostra a realidade de mulheres trans nos centros prisionais. O material foi exibido pelo Fantástico, no último dia 1º. 

"Literalmente, abraçam o demônio! Suas novelas são LIXO, seus programas infantis são LIXO, seus jornais são LIXO e estão à serviço do Mal", disse o ministro.

Na reportagem, Drauzio entrevistou personagens que contaram como ingressaram no sistema prisional e as dificuldades que enfrentam no cárcere, incluindo o abandono e a solidão. Esses fatores foram explicitados em relato de Suzy Oliveira, recolhida na Penitenciária I José Parada Neto, em São Paulo. 

Na ocasião, entre outros assuntos, a reenducanda comentou que há oito anos não recebe visitas. Após um momento de silêncio, Drauzio respondeu "Solidão, né, minha filha?" e, logo em seguida, abraçou-lhe. A atitude repercutiu nas redes sociais, enquanto internautas se mobilizaram em apoio à detenta.

Com isso, a secretaria da Administração Penitenciária do estado publicou instruções nas redes sociais para o envio de cartas à Suzy.

No entanto, a informação divulgada por um grupo de advogados de que Suzy teria estuprado e matado uma criança de nove anos, em 2010, na capital paulista, revoltou internautas. Eles criticaram, também, Drauzio Varella pelo ato de compaixão com a detenta.

Em seu site, por meio de nota, o médico respondeu que não perguntou os delitos cometidos por Suzy e disse que é médico, e não juiz. "Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios."

Weintraub também reagiu à resposta de Drauzio sobre o caso: "Não é juiz? Não é gente?! Você e marinho NÃO conseguem pedir desculpas! NÃO têm empatia ou compaixão com as crianças e famílias vítimas desse pedófilo!".

O Fantástico, programa dominical em que foi veiculada a reportagem, lançou nota explicando as diferenças de vivências entre mulheres e homens no cárcere e reproduziu a nota de Drauzio.