Brasil

Polícia achou R$ 33 mil na cueca de senador após desconfiar de 'volume'

Detalhes da apreensão ocorrida constam na decisão do ministro Luís Roberto Barroso (STF)

Por G1 16/10/2020 09h09 - Atualizado em 16/10/2020 10h10
Polícia achou R$ 33 mil na cueca de senador após desconfiar de 'volume'
Imagem do relatório da PF mostra momento em que dinheiro foi encontrado na cueca do senador Chico Rodrigues. - Foto: Reprodução

O dinheiro escondido na cueca do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) foi encontrado nesta quarta-feira (14) pela Polícia Federal após ele pedir para ir ao banheiro e o delegado perceber um "volume estranho na parte traseira da roupa" do político.

A operação foi deflagrada para combater um suposto esquema criminoso de desvio de recursos públicos para o combate ao coronavírus em Roraima (leia mais ao final desta reportagem). Em nota divulgada nesta quarta, Chico Rodrigues – que até então era vice-líder do governo no Senado – afirmou que não tem envolvimento com qualquer ato ilícito.

Detalhes da apreensão dos R$ 33.150 nas partes íntimas do parlamentar constam da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que nesta quinta-feira (15) determinou afastamento de senador por 90 dias em razão da "gravidade concreta" do caso. O flagrante dos policiais foi registrado em vídeos.

Barroso determinou ainda a retirada do sigilo de parte das investigações, mas manteve em reserva vídeos das buscas. O ministro ordenou que um desses registros "deve ser mantido em cofre da própria Polícia Federal, em absoluto sigilo" porque "exibe demasiadamente a intimidade do investigado e não produz acréscimo significativo à investigação".
"Se comprovada a culpabilidade do investigado, estará justificada a sua punição, mas não sua desnecessária humilhação pública”, disse Barroso.

Segundo o relatório da PF, Rodrigues vestia short de pijama azul e uma camisa amarela quando os policiais da operação Desvid-19 chegaram à residência dele. Os maços de dinheiro escondidos na cueca foram apreendidos em três situações que aconteceram em sequência. Veja, abaixo, algumas imagens (elas estão em baixa qualidade porque são de uma reprodução do inquérito da PF).

O documento cita que o senador "insistentemente, ocultava valores em suas vestes íntimas".

Ainda de acordo com o relatório, o senador pediu para ir ao banheiro após as buscas no quarto do filho dele. O delegado autorizou, mas disse que o acompanharia. "Nesta hora, o Delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do senador", diz o documento.

Desconfiado do volume que "destoava completamente do pijama utilizado pelo senador", o delegado fez a busca pessoal e achou R$ 15 mil. O montante estava "no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas".
Já na sala da casa, o senador foi questionado por três vezes se ainda havia mais valores em espécie. Na última delas, com bastante raiva, Chico Rodrigues "enfiou a mão em sua cueca, e sacou outros maços de dinheiro" que totalizaram a quantia de R$ 17,9 mil. Os outros R$ 250 foram apreendidos na última busca pessoal.

Dinheiro na cueca depois da chegada dos agentes

A PF suspeita que Chico Rodrigues colocou os valores na cueca depois que os policiais já estavam na casa. Isso porque não percebido nenhum volume nas roupas dele entre a chegada dos agentes ao local e a ida deles ao quarto do filho do senador.

"É possível afirmar que os valores foram colocados pelo Senador em suas vestes íntimas entre o momento em que a equipe deixou o seu quarto e iniciou a busca no quarto de seu filho, de forma que ele teria pedido para trocar de roupa em seu quarto para se desvencilhar dos valores que acabara de esconder em suas vestes. Contudo antes disso, foi flagrado pela equipe policial", diz o relatório.

As cédulas encontradas com o senador, segundo a PF, não tiveram sua origem lícita comprovada. Além do montante na cueca, foram apreendidos R$ 10 mil e US$ 6 mil que estavam em um cofre no quarto do senador.

A diligência no imóvel foi acompanhada pelo advogado dele. Na manhã desta quinta, a defesa afirmou que ainda não havia tido acesso ao processo do STF.