Filha de João Alberto diz que sentiu raiva ao ver vídeos do pai sendo agredido: 'Aquilo não se faz com ninguém'
Homem negro que foi espancando e morto por dois seguranças brancos no supermercado Carrefour de Porto Alegre
Fátima Bernardes conversou com Thaís, filha de João Alberto, homem negro que foi espancando e morto por dois seguranças brancos no supermercado Carrefour de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na quinta-feira, 19/11, na véspera do Dia da Consciência Negra. A jovem contou que soube da morte do pai através de ligações e viu as cenas dele sendo agredido: "Me ligaram avisando sobre os vídeos que estavam rolando na internet. Eu recebi [os vídeos]. Horrível, né?"
Thaís fez um desabafo sobre o ato de violência sofrido pelo pai e disse que, por mais que alguém esteja certo ou errado, houve exagero por parte dos seguranças do supermercado.
"Senti raiva porque aquilo não se faz com ninguém, mesmo que a pessoa seja certa ou errada. Não precisava de toda daquela agressividade deles."
O laudo inicial da perícia aponta asfixia como causa da morte de João Alberto, que deixou quatro filhos e uma neta. As imagens das agressões, inclusive, foram vistas pela criança: "Ela olhou os vídeos pela televisão. Expliquei que ele tinha ido encontrar a mãezinha dele."
Repercussão do caso
A morte de João Alberto virou notícia na imprensa internacional e gerou uma onda de protestos por várias cidades do Brasil. Em Belo Horizonte, por exemplo, manifestantes caminharam em direção a três lojas da rede de supermercado para protestar. Já em Fortaleza, um grupo vestido de preto entrou em uma loja da rede e pediu pelo fim do racismo.
Para Thaís, a perda do pai pode fazer mudanças no país: "Espero que sim, com certeza."