Economia

Migração de bairros afetados pelo afundamento do solo altera preços de imóveis em Maceió

Busca por novas moradias, movimenta mercado imobiliário na capital

Por Emanuelle Lima - estagiária* 29/05/2021 08h08 - Atualizado em 29/05/2021 08h08
Migração de bairros afetados pelo afundamento do solo altera preços de imóveis em Maceió
Bairro do Pinheiro - Foto: Marco Antonio/Secom Maceió

Em fevereiro de 2018 houve o agravamento da instabilidade do solo no bairro do Pinheiro. Desde então, centenas de moradores tiveram que deixar suas casas. Os tremores de terra que atingiram a região provocaram rachaduras e se espalharam para bairros vizinhos, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Em maio de 2019, o laudo do Serviço Geológico do Brasil, apontou que os tremores haviam sido causados pela extração de sal-gema pela mineradora Braskem, durante décadas, o que provocou um desastre geológico em Maceió.

Dois anos após, os números atualizados do mapa de desocupação das regiões atingidas pelo afundamento do solo, revelam que dos 14.319 imóveis identificados cerca de 12.426 foram desocupados, o que representa que mais de 50 mil pessoas precisaram deixar suas casas na região.

Em entrevista ao portal 7Segundos, o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-AL) e especialista do fenômeno imobiliário nesses bairros, Tales Cardoso, falou um pouco sobre como os valores de imóveis em Maceió estão alterando a medida que outros bairros da capital começam a ficar desocupados devido ao afundamento do solo do Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Mutange.

De acordo com Tales, a região afetada pelo afundamento do solo passou por dois momentos bastante específicos, onde a valorização dos imóveis foi alterada em consequência das mudanças no local. " Nós tivemos aqui dois momentos específicos. No primeiro, um decréscimo no valor dos imóveis na região que foi afetada, sendo assim, ele perdeu todo o valor que tinha naquele mercado não só no bairro do Pinheiro, mas atingiu toda a parte alta da cidade. Nesse momento houve uma demanda maior do que a oferta em outros bairros e, quando isso ocorre, os preços tendem a subir", explicou o diretor.

Com o aumento da procura por imóveis em outros bairros da cidade, o diretor destacou que houve consequentemente um aumento no valor do imóvel, já que os valores dos insumos para construção civil também cresceram. "Tivemos a procura maior do que se tinha de oferta e nós tivemos os fatores dos aumentos dos insumos de uma forma geral. Então esse tipo de situação já era esperada, claro que com a demanda aumentando e as ofertas sendo diminuídas, tudo aumentou um pouco mais", destacou.

Ao ser questionado sobre os bairros que os antigos moradores das áreas afetadas pela mineração do solo procuraram para reconstruir suas vidas, Tales explicou que muitas pessoas procuraram se manter na parte alta da cidade, movidos pela realidade financeira que já viviam. Além disso, segundo o diretor, com as mudanças nas vias de acesso de Alagoas e principalmente no comportamento das pessoas, fez com que grande parte dos moradores atingidos pela problemática se afastassem.

Tales Cardoso - Diretor do CRECI AL


"Muitos moradores partiram para Pitanguinha, Gruta, Tabuleiro, Santa Amélia e, Via Expressa com a intenção de se manter na parte alta da cidade movidos por suas realidades econômicas. Outras pessoas com outras condições financeiras, tendem a se afastar cada vez mais desta região indo até para Marechal Deodoro, Litoral Norte ou Sul. A população de uma forma geral vai se moldando às novas situações, novos bairros vão surgindo, novas necessidades, a gente está falando de um bairro que vai acabar com um Centro Educacional como o Cepa, com hospitais. Eu não sei o que vai acontecer com Pinheiro, é uma incógnita." explicou o especialista.

Em relação aos cuidados que essa parcela da população deve ter ao procurar um novo imóvel, o diretor pontuou que os corretores de imóveis de Maceió estão sempre em busca de mais conhecimento sobre a situação dos bairros afetados e que procuram viver diariamente a demanda do mercado para poder moldar as necessidades dos moradores.

"O corretor vive praticamente para o mercado, principalmente se o corretor trabalha com o grande varejo. Então ele sabe o quanto o mercado na região na parte alta da cidade foi afetado, quais são os bairros que ele pode trabalhar sem riscos, sabe o tipo de produto que pode ser encaixado. Então Maceió está crescendo cada vez mais, estão surgindo novos bairros, nesses próximos 10 anos a capital vai começar a ter centros específicos em bairros para facilitar a vida do cidadão. O Creci Alagoas é muito atuante junto ao nosso profissional, a gente oferece orientação e capacitação a partir de treinamentos semanais e gratuitos para atender melhor a população da nossa cidade”, finalizou.

*Com supervisão da Editoria