“Não recebi ordem para interromper”, diz Élcio sobre negociações com o Butantan
Declaração difere da versão dada pelo diretor do Butantan, Dimas Covas
O secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, Élcio Franco afirmou durante oitiva à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta quarta-feira (09), que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a CoronaVac não atrasaram a compra da vacina pelo governo federal.
A declaração difere da versão dada pelo diretor do Butantan, Dimas Covas, à CPI, no último dia 27. "Não recebi ordem para interromper. E as tratativas continuaram. O Instituto Butantan, o Dr. Dimas, tinha o eu telefone. Em caso de alguma dificuldade de comunicação, poderiam ter mandando para o meu WhatsApp e conversado comigo", informou Élcio.
Na CPI, Covas afirmou que, “as tratativas não progrediram”, apesar das “insistências em contatos”. Segundo o diretor, até outubro de 2020, as ofertas “não tiveram resposta positiva”. Mas as negociações avançaram e, no dia 20 daquele mês, estava previsto o anúncio da aquisição da CoronaVac. “Seria até uma comemoração capitaneada pelo então ministro da Saúde no anúncio dessa vacina", lembrou Covas.
Na véspera do evento, porém, Bolsonaro deu entrevistas e divulgou em suas redes sociais que havia mandado cancelar o contrato. “Não abro mão da minha autoridade”, reforçou o presidente. Na sequência, Pazuello gravou um vídeo ao lado de Bolsonaro afirmando: “É simples assim. Um manda e o outro obedece”. A fala do diretor do Butantan contraria o depoimento de Pazuello, que afirmou que a posição do presidente “não interferiu em nada”.