Indicadores registram aumento de internação e recorde de óbitos entre jovens por Covid
Análise realizada pelo Governo de Alagoas aponta crescimento na faixa etária entre 20 e 59 anos

A ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) mudou de feição ao longo da pandemia. Agora, são rostos mais jovens que utilizam camas – e respiradores – na rede hospitalar do estado. É o que revela a análise de indicadores relacionados à Covid-19 realizada pelo Governo de Alagoas, que também registra recorde de mortalidade em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos.
O material elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) indica que, ao longo do ano, entre a 1ª e a 23ª semana epidemiológica – encerrada no último sábado (12) –, houve expressivo aumento no número de óbitos no grupo situado entre 20 e 59 anos de idade.
“A gente começa a perceber um aumento nas hospitalizações entre indivíduos mais jovens. Como a exposição está intensa, a circulação viral também se torna intensa. A quantidade está diretamente relacionada com essa grande exposição”, explica Herbert Charles Barros, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, responsável pela compilação dos dados.
Somente em 2021, a faixa etária entre 30 e 39 anos já registrou dez ou mais óbitos em seis semanas epidemiológicas, incluindo as três últimas consecutivas com o recorde de 13 mortes na semana 21. No pico da pandemia do ano passado, o quantitativo de dez óbitos só ocorreu em duas semanas epidemiológicas. Já na faixa entre 40 e 49 anos, a taxa é ainda maior. Ao longo do ano, o grupo apresenta cinco semanas epidemiológicas com taxa de óbito igual ou superior a 20 – com o recorde de 26 mortes na semana 21. Em 2020, a categoria superou a marca de 20 óbitos em apenas duas semanas epidemiológicas, com o máximo de 22 mortes.
“A gente observa que, hoje, a população internada em apartamento e em UTI majoritariamente é jovem. Um número realmente assustador de pessoas abaixo de 60 anos”, revela Marília Magalhães, médica especializada em Cuidados Paliativos. “Há algumas semanas, num dos serviços, o paciente mais velho internado por Covid-19 tinha 50 anos, os demais tinham menos, 17, 30, 35 anos...”, comentou a médica, que atua nas redes pública e privada de saúde.
Ao verificar o boletim epidemiológico emitido pela Sesau na última quinta-feira (17), dos 18 óbitos ocorridos em Alagoas por Covid-19, seis foram de pessoas abaixo dos 60 anos – cinco delas não apresentavam comorbidades. Comportamento bem diferente da incidência ocorrida no ano passado, no primeiro pico da pandemia.
“Quanto menos as pessoas se protegem, mais a facilidade de aparecerem novas cepas e novas variantes. A população jovem é que está nas ruas em função do trabalho, mas é a que mais aglomera e a que menos segue as medidas restritivas”, ressalva a especialista. “Há também a inconsequência dos jovens que, apesar das restrições, continuam fazendo festas clandestinas, não utilizam máscaras – há um sentimento muito comum de imortalidade entre jovens e adolescentes. E também muita gente levada pelas fake news, de que máscara não protege e de que o coronavírus é só uma gripezinha”, considera Marília Magalhães.
Novos picos
Ao ajustar o foco para as últimas cinco semanas epidemiológicas, as estatísticas revelam a gravidade do cenário geral, com a taxa de ocupação de leitos com respiradores acima de 82% e o número de óbitos por Covid-19 acima de 100 casos – o pico ocorreu na Semana 20, encerrada em 22 de maio, com 121 mortes.
“As pessoas não estão se protegendo como no passado. O fator medo, que havia ano passado, que foi importante, não existe mais. As pessoas não estão tomando os devidos cuidados”, lamenta Charles Herbert, da Sesau.
Já na comparação entre capital e interior, a curva tem comportamentos relativamente diferenciados nas médias móveis de óbitos e de novos casos. Na semana epidemiológica 23, por exemplo, Maceió registrou número menor nas taxas de mortalidade (6,6 na capital contra 9,5 no interior) e menos da metade no índice de contágio (145 na capital contra 295 no interior).
Segunda dose
Por outro lado, na faixa etária acima dos 60 anos ocorreu o contrário, com nítida queda nos casos de hospitalização e morte após o início da vacinação. No público com mais de 80 anos, a redução da taxa de mortalidade chegou a 40%.
E pode diminuir ainda mais, caso o grupo atenda o chamado das autoridades sanitárias e tome a segunda dose do imunizante na mesma proporção que receberam a primeira. “Nesse grupo de 80 anos ou mais, temos uma cobertura estimada de 96% com a primeira dose, mas somente 82% foram receber a segunda dose. Eu tenho uma janela de 14% que não tomou a segunda e que, baseado nas nossas distribuições, já deveriam ter tomado. Por isso, faço um apelo às famílias que levem seus idosos para completar a imunização”, conclama o superintendente da Sesau, Charles Herbert.
Para os especialistas, o controle da pandemia só virá quando pelo menos 70% da população estiver vacinada e mantendo as medidas de restrição. “Não adianta começar a vacinar e as pessoas continuarem nas ruas. É preciso manter o distanciamento social, usar máscara – de preferência Pff2 ou N95, porque as de pano não protegem – e álcool a 70%”, finaliza a médica Marília Magalhães.
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