Polícia

Homem é preso após tentar socorrer prima baleada em operação policial

Durante uma operação policial, Tiago Marques de Oliveira foi ferido por estilhaços no ombro e tentou socorrer uma prima, de 14 anos

Por Uol Notícias 04/08/2021 18h06
Homem é preso após tentar socorrer prima baleada em operação policial
Durante uma operação policial, Tiago Marques de Oliveira foi ferido por estilhaços no ombro e tentou socorrer uma prima, de 14 anos - Foto: Reprodução/Web

Um homem de 28 anos foi preso no último sábado (31) acusado de trocar tiros com policiais militares no morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio. Durante uma operação policial, Tiago Marques de Oliveira foi ferido por estilhaços no ombro e tentou socorrer uma prima, de 14 anos, baleada na perna. 

De acordo com familiares ele mora em Madureira, a 14 km da Tijuca, mas estava na comunidade na companhia do pai para buscar uma cesta básica, e ficou no bar da família quando acabou surpreendido pelo tiroteio.

Segundo Leonardo de Oliveira Leite, primo de Tiago ouvido pela reportagem, o estoquista foi levado para o hospital no banco de trás da viatura da PM, sem algemas, mas acabou algemado após receber atendimento, para prestar esclarecimentos.

“Chegando lá [na delegacia] que os PMs falaram que ele estava sendo preso por trocar tiros com eles”, disse o primo, que contou ao UOL que o sonho de Tiago era ser policial civil.

Ainda de acordo com o UOL, durante a operação policial, os PMs atiravam de cima de um muro, e Tiago começou a gritar e colocar as pessoas para dentro do bar. “Mesmo sangrando, ele chegou a tirar o casaco e botar na perna da minha sobrinha que estava ferida. Os policiais só viram o Tiago no chão”, disse Leonardo.

A adolescente ferida por um tiro na perna passou por cirurgia no Hospital Municipal Salgado Filho e segue estável.

Na segunda-feira (2), o Tribunal de Justiça do Rio decidiu, em audiência de custódia, manter Tiago preso. De acordo com o advogado de defesa dele, Carlos Alberto Barbosa, houve irregularidades em sua prisão, uma vez que não foram pedidos exames residuográficos para detectar se havia pólvora em suas mãos, o que poderia mostrar que ele não atirou contra a polícia.

“Estou entrando com habeas corpus. Trata-se de uma vítima que está sendo transformada em criminosa. Depois, vou pedir também uma reconstituição do crime. O Tiago estava em um bar com 30 testemunhas. No bar não tinha bandidos. Na delegacia, não me apresentaram nenhuma arma apreendida”, disse o advogado ao UOL.

A Polícia Civil não explicou por que não solicitou exame residuográfico para Tiago. A Polícia Militar disse que, no último sábado, PMs da UPP Salgueiro foram atacados a tiros por criminosos durante um patrulhamento, que houve revide e que, após o fim do confronto, três homens armados foram encontrados feridos caídos no chão.

Segundo o UOL, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil e, no âmbito da Corporação, em inquérito policial militar. As investigações devem ser acompanhadas pelo Ministério Público do Rio.