Alagoas

Após olimpíadas, alagoana Bruna Farias conta sobre suas experiências nos jogos

Com muita garra e dedicação atleta conseguiu realizar o seu sonho de competir

Por Felipe Guimarães* 14/08/2021 08h08
Após olimpíadas, alagoana Bruna Farias conta sobre suas experiências nos jogos
Atleta olímpica alagoana Bruna Farias - Foto: Arquivo pessoal

Todos nós temos um sonho daqueles capazes de dar significado às nossas vidas. Para muitas pessoas, ter a oportunidade de conseguir vivenciá-lo seria como ganhar na loteria, enquanto para alguns, o sonho se torna realidade.

Esse é o caso de Bruna Jéssica Oliveira Farias, nascida em Maceió, a atleta olímpica dos 4x100 metros rasos feminino teve o seu primeiro contato com o esporte na cidade de Jequiá da Praia, onde sua família mora. Lá ela deu os seus primeiros passos na sua carreira, que em 2021, a fez chegar a Tóquio

Relembrando a sua história, Bruna nos contou como teria percebido a sua aptidão para se tornar competidora, em sua participação nos Jogos Estudantis de Alagoas (Jeal).

“Fazia Futsal na escola, até que um certo dia, fui convidada para fazer uma competição de atletismo, fiz a prova de 75 metros e salto em distância e ganhei as duas provas da competição, desde então nunca mais parei”, contou.

Como uma boa taurina, a sua determinação a fez continuar insistindo no esporte e foi a chave para levá-la longe em sua trajetória profissional. Bruna possui participações nos jogos Pan Americanos de 2015, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016 e a sua mais recente participação em Tóquio de 2021.

Nessa edição mais recente, o Brasil teve 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, se consagrando como o melhor resultado adquirido durante as olimpíadas, ficando em 12º colocado no quadro geral e totalizando 21 medalhas.

Apesar disso, a equipe de Bruna ficou na quinta colocação no revezamento 4x100m na categoria feminina, com a marca de 43s15. Mesmo não conquistando o pódio, a esportista se demonstrou feliz com o resultado.

“Sei que todas entraram na pista para dar o seu melhor, eu treinei e me preparei demais para esse momento. Infelizmente não conseguimos ir para a final, sei que queríamos um resultado melhor, mas agora é treinar e focar nas próximas competições”, afirmou.

Bruna com suas colegas de equipe. Foto: arquivo pessoal


Por conta da pandemia e um ano bastante difícil, vários atletas tiveram o seu rendimento total reduzido. Para Bruna isso não foi diferente, a corredora precisou improvisar o seu treino e em outras condições, talvez o seu resultado final nos 4x100 metros rasos pudessem ter sido melhores.

“Minha base foi feita em um parque, me adaptei ao momento, fiz tudo que estava ao meu alcance e conseguimos alcançar nossos objetivos, foi um ano que fiz meu PB (personal best)”, contou.

Polêmicas


A trigésima segunda edição dos jogos olímpicos deste ano também foi cenário de debates políticos sobre igualdade racial, de gênero e sobre saúde mental. Uma das principais questões debatidas foi com relação ao uso das roupas a serem utilizadas pelas atletas, consideradas inapropriadas e sexualizadas.

Demonstrando o seu posicionamento favorável para com suas colegas e para com todas as mulheres, Bruna defendeu o uso de roupas adequadas. “As mulheres não podem se sentir reprimidas pela roupa que usam ao competir, e sim confortáveis e seguras”, argumentou.

Falta de estrutura


Para conseguir realizar o seu sonho, a alagoana nos contou que precisou sair de casa aos 14 anos de idade, mas que sempre pôde contar com o apoio da sua família.

“Sai de casa aos meus 14 anos para viver esse sonho, e minha família sempre me apoiou, e o que me fortalece até hoje é saber que eles sentem orgulho da atleta que me tornei”, disse.
Porém, esse amparo não era o mesmo encontrado em sua realidade social. Bruna contou que nem sempre acreditou em seu sonho, tendo sido preciso deixar Alagoas para ter a chance de torná-lo realidade.

“Eu sempre sonhei em ser uma atleta olímpica, mas achava impossível, por viver em uma realidade esportiva tão distante do alto rendimento. Em 2012 saí de Alagoas por falta de estrutura, precisei ir para São Paulo para ter mais qualidade de treinamento, e acompanhamento de profissionais que me ajudaram a chegar até aqui”, contou.

Novos objetivos


Agora com os seus sonhos mais antigos realizados, Bruna traça uma nova meta: poder representar Alagoas nas Olimpíadas de 2024, que serão realizadas em Paris, na França

“Seria a minha maior realização, representar minhas origens e as cores da bandeira do meu estado nos Jogos de Paris 2024, hoje Alagoas tem a estrutura que preciso”, disse.


Após as conquistas do Brasil nessa última edição, a expectativa para os próximos jogos olímpicos vem aumentando cada dia mais, porém os ávidos pelo esporte ainda terão a oportunidade de acompanhar a realização dos jogos paraolímpicos, que ocorrem no dia 24 de agosto deste ano.

*Com supervisão da editoria