Defesa e Forças Armadas apresentam notícia-crime contra Ciro sobre fala a respeito da Amazônia
Pedetista citou uma suposta proteção das autoridades brasileiras ao narcotráfico, “inclusive das Forças Armadas”, na área onde ocorreram as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips;
O Ministério da Defesa e as Forças Armadas apresentaram, na noite de quinta-feira (23), uma notícia-crime contra o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, pedindo a apuração sobre falas do político envolvendo a atuação dos militares na Amazônia.
Na terça (21), em entrevista à rádio CBN, Ciro disse que a área onde ocorreram as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips se tornou um território administrado por uma “holding do crime”. Na sequência, o pedetista citou uma suposta proteção das autoridades brasileiras ao narcotráfico, “inclusive das Forças Armadas”.
“Ali estabeleceu-se essa holding que é o narcotráfico claramente protegido por autoridades brasileiras, claramente protegido por autoridades, inclusive das Forças Armadas. Não aconteceria [o crime contra Bruno e Dom] se isso não fosse verdadeiro”, disse Ciro, na ocasião
Dois dias depois da fala de Ciro, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e os comandantes das Forças Armadas assinaram uma nota comunicando a apresentação de notícia-crime ao procurador-geral da República, Augusto Aras, contra o pré-candidato do PDT.
A nota pede que seja “apurado o suposto cometimento dos crimes de ‘Incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade’ (artigo 286, parágrafo único, do Código Penal); e ‘Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas ou a confiança que estas merecem do público’ (artigo 219, do Código Penal Militar)”.
Além disso, a Defesa e as Forças Armadas dizem repudiar “veementemente as irresponsáveis declarações” de Ciro, que “acusou as Forças Armadas de serem coniventes com o crime organizado na Amazônia”, segundo as instituições. “Não é admissível, em um estado democrático, que sejam feitas acusações infundadas de crime, sem a necessária identificação da autoria por parte do acusador e sem a devida apresentação de provas, ainda mais quando dirigidas a Instituições perenes do Estado brasileiro”, diz a nota – veja a íntegra abaixo.
Nesta sexta (24), Ciro respondeu à ação do Ministério da Defesa e das Forças Armadas dizendo ter sido “surpreendido por uma nota agressiva e intempestiva do comando das Forças Armadas, que, além de descontextualizar o que afirmei em entrevista à CBN, ameaça-me com notícia crime, equivocadamente baseada nos artigos 286 do Código Penal e 219 do Código Penal Militar”.
O pedetista afirma que, “em nenhum momento, disse que as Forças Armadas, enquanto instituições de estado, estariam envolvidas com essa holding criminosa”, acrescentando que a manifestação da Defesa e dos comandantes “explicita o grau de politização do atual comando das Forças Armadas”.