Mesmo com possíveis resistências, Prates pode assumir Petrobras ainda neste mês
Renúncia de Caio Mário Paes de Andrade abriu caminho pra uma solução mais rápida
O Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir no próximo dia 26 de janeiro. O encontro pode selar a troca no comando da estatal. O senador Jean Paul Prates, que será indicado para assumir a presidência, substituiria João Henrique Rittershaussen, diretor de Desenvolvimento da Produção, que assumiu a estatal interinamente com a saída de Caio Mário Paes de Andrade nesta quarta-feira (4).
Caso Paes de Andrade não tivesse pedido pra sair, seria preciso convocar uma Assembleia para promover trocas no Conselho. O período mínimo pra esse processo é de um mês. A documentação do novo postulante ao cargo também precisa ser submetida ao departamento de Compliance (conformidade) da petrolífera.
Prates tem formação na área e currículo compatível com as exigências técnicas para comandar uma das maiores empresas do mundo. No entanto, o departamento que cuida da análise dos candidatos deve se debruçar sobre um trecho específico da Lei das Estatais que veda a nomeação de pessoas que trabalharam nos últimos 36 meses em “estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral“.
Os interlocutores do Prates entendem que ele não pode ser associado a isso – porque efetivamente não teve papel de ordenador de despesas em campanhas eleitorais – mas, mesmo que seja, o Conselho já passou por cima de ressalvas do Compliance para nomear parte do próprio grupo e, com o precedente aberto, poderia fazer isso de novo.
Há no entanto outro possível entrave para a troca ainda neste mês. Com a saída de Paes de Andrade, restaram dez membros no Conselho de Administração da Petrobras. Cinco foram indicados na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Outros três têm perfil liberal e representam acionistas, tendo estabelecido algum tipo de relação com Bolsonaro no passado.
Pessoas ligadas ao colegiado disseram à CNN que os atuais conselheiros que devem deixar a cadeira com a troca de governo, indicados pela União, ou voltarão a seus cargos na administração pública ou, de alguma forma, trabalharão próximos ao governo, em entidades e empresas ou até como representantes setoriais.
Nesse sentido, é pouco provável segundo essas mesmas fontes, que esses conselheiros apresentem resistência ao nome de Prates correndo o risco de se indispor com o governo para, na prática, postergar em dias ou semanas a chegada do novo presidente.