Política

Mesmo com possíveis resistências, Prates pode assumir Petrobras ainda neste mês

Renúncia de Caio Mário Paes de Andrade abriu caminho pra uma solução mais rápida

Por 7Segundos com CNN Brasil 04/01/2023 20h08
Mesmo com possíveis resistências, Prates pode assumir Petrobras ainda neste mês
Prates tem formação na área e currículo compatível com as exigências técnicas para comandar uma das maiores empresas do mundo - Foto: REUTERS/Sergio Moraes

O Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir no próximo dia 26 de janeiro. O encontro pode selar a troca no comando da estatal. O senador Jean Paul Prates, que será indicado para assumir a presidência, substituiria João Henrique Rittershaussen, diretor de Desenvolvimento da Produção, que assumiu a estatal interinamente com a saída de Caio Mário Paes de Andrade nesta quarta-feira (4).

Caso Paes de Andrade não tivesse pedido pra sair, seria preciso convocar uma Assembleia para promover trocas no Conselho. O período mínimo pra esse processo é de um mês. A documentação do novo postulante ao cargo também precisa ser submetida ao departamento de Compliance (conformidade) da petrolífera.

Prates tem formação na área e currículo compatível com as exigências técnicas para comandar uma das maiores empresas do mundo. No entanto, o departamento que cuida da análise dos candidatos deve se debruçar sobre um trecho específico da Lei das Estatais que veda a nomeação de pessoas que trabalharam nos últimos 36 meses em “estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral“.

Os interlocutores do Prates entendem que ele não pode ser associado a isso – porque efetivamente não teve papel de ordenador de despesas em campanhas eleitorais – mas, mesmo que seja, o Conselho já passou por cima de ressalvas do Compliance para nomear parte do próprio grupo e, com o precedente aberto, poderia fazer isso de novo.

Há no entanto outro possível entrave para a troca ainda neste mês. Com a saída de Paes de Andrade, restaram dez membros no Conselho de Administração da Petrobras. Cinco foram indicados na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Outros três têm perfil liberal e representam acionistas, tendo estabelecido algum tipo de relação com Bolsonaro no passado.

Pessoas ligadas ao colegiado disseram à CNN que os atuais conselheiros que devem deixar a cadeira com a troca de governo, indicados pela União, ou voltarão a seus cargos na administração pública ou, de alguma forma, trabalharão próximos ao governo, em entidades e empresas ou até como representantes setoriais.

Nesse sentido, é pouco provável segundo essas mesmas fontes, que esses conselheiros apresentem resistência ao nome de Prates correndo o risco de se indispor com o governo para, na prática, postergar em dias ou semanas a chegada do novo presidente.