Aluno conta que agressor xingou colega de 'macaco' e professora morta tentou apartar briga na semana passada
Estudante que fez o relato fugiu para não ser morto. Aluno xingado pelo agressor dias atrás não estava na escola nesta segunda-feira
Um aluno da escola estadual em São Paulo em que ocorreu um ataque na manhã desta segunda-feira (27), detalhou o que ocorreu na semana anterior ao incidente. Uma professora foi morta e três ficaram feridas.
Gabriel, de 13 anos, disse estudar na mesma sala do autor das agressões. Segundo o aluno, há alguns dias, o agressor xingou outro aluno de "macaco", o que ocasionou uma briga.
Ainda de acordo com o estudante, a professora que foi atacada pelo aluno foi a responsável por ter apartado a confusão e, após isso, aluno jurou vingança. A Polícia Civil apura essa versão.
Ainda de acordo com o relato de Gabriel, o aluno xingado de "macaco" não estava na escola nesta segunda-feira, somente a professora que foi atacada com golpes de faca.
"Foi assim: chamou o menino de preto e macaco. O outro menino (vítima de racismo) não gostou e partiu para cima dele. A professora "'Beth' separou. Aí hoje esse menino que chamou o outro de macaco veio com com uma faca e esfaqueou várias vezes a professora aqui e aqui (disse ele tocando na cabeça). Ele já falou que iria fazer isso, mas ninguém acreditava. Ele estava atrás de mim tentando me matar. Na hora, eu corri e me escondi ali atrás e fiquei cerca de uns 40 ou 60 minutos esperando a polícia chegar", contou Gabriel, aluno que estuda na mesma sala do autor adolescente, autor das agressões.
Ainda segundo Gabriel, o adolescente entrou na sala nesta manhã, enquanto os estudantes estavam na sala de aula.
"Ele entrou com uma máscara preta com caveira, já chegou por trás esfaqueando a professora e nem deu para ela se defender", relatou.
'Brigas frequentes'
O estudante falou, já na porta da escola e ao lado da mãe, que chegou aos prantos para buscá-lo. Ao falar com a TV Globo, ela contou que a escola têm brigas frequentemente.
"Na sala dele, na semana passada, teve uma briga por racismo, um pulou em cima do outro. É muita briga nesse colégio. Falei que ter uma polícia lá e falavam que não podia fazer nada, tem que ser o Estado", contou a Maria Das Graças.
Ela e outros pais de alunos foram para a frente da instituição pela manhã, após os responsáveis ficarem sabendo do ocorrido. Desesperados, eles se deslocaram até à unidade de ensino na tentativa de retirar os filhos que ainda estavam em horário de aula e foram contidos por Policiais Militares, que tentam preservar a segurança do local.
Aos poucos, os estudantes foram sendo retirados pelos responsáveis. Era possível ver algumas crianças saindo desnorteadas e outras chorando.
A doméstica, Maria José Fernandes é mãe de um outra aluna que estuda na instituição e disse que a filha contou que o ataque nesta manhã aconteceu em razão de uma confusão anterior, em que a professora "Beth", teria apartado os alunos, impedindo que o autor agredisse a um outro aluno.
"O menino (autor do ataque) ameaçou um outro aluno que chama Daniel e a professora Beth, que é uma das melhores da escola, não deixou. Então, o adolescente atacou a professora. A minha filha, aluna do sexto ano, disse que o menino já planejava vir para matar o adolescente. Não sei o motivo das brigas. Minha filha ainda está muito nervosa e só me contou esses detalhes. A escola é uma escola de período integral e não tem estrutura para isso", relatou a doméstica, Maria José Fernandes.