Alunos fazem vigília em escola estadual de SP alvo de ataque que deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas
Crime ocorreu na manhã desta segunda-feira (27) na E.E. Thomazia Montoro, na Vila Sônia

Um dia após os ataques, alunos da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da capital paulista, fazem uma vigília na porta da unidade na manhã desta terça-feira (28).
O g1 acompanha a manifestação, que segue pacífica. A ação conta com a participação de organizações de estudantes do estado de São Paulo. Professores de outras instituições de ensino e moradores da região foram até ao local em ato de solidariedade.
Luísa Martins, presidenta da UPES SP - União Paulista dos Estudantes Secundaristas, aponta a necessidade de lutar pelo fim da violência dentro das escolas.
"A gente está muito indignado pelo que aconteceu, principalmente, por saber que é algo muito recorrente nas escolas. Não é a primeira vez que a gente vê caso como esse nas escolas. A gente tem uma campanha que chama Sou da Paz, que é para lutar pelo fim da violência dentro das escolas, que é principalmente para gente conseguir acabar com o discurso de intolerância e de ódio que é muitas às vezes acaba promovendo muitos desses casos", relatou a presidenta.
Também presente na ação, a estudante Evelyn destaca a importância de apoio psicológicos nas escolas.
"Acho que o sentimento que predomina mesmo é o sentimento de impotência porque é uma coisa que poderia ter sido evitada... E o que precisa mesmo é reestruturar, colocar psicólogo nas escolas, dar o suporte que não está sendo dado", disse a jovem.
Flores brancas, clima de tristeza, pessoas observando da janela, funcionários de uma construção pausam para acompanhar o movimento. Um vizinho acompanhado de dois cães veio prestar solidariedade.
"Quando li na imprensa que era integral fiquem surpreso. Não tem estrutura pra ser”, disse Alexandre Gregório, que passa no local todos os dias para fazer passeios com seus cães.
O ataque
Quatro professoras e um aluno foram esfaqueados na manhã desta segunda-feira (27) dentro da sala de aula, na hora da chamada.
Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da USP.
O agressor, um aluno de 13 anos do oitavo ano na escola, foi desarmado por professoras, apreendido por policiais e levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado.
O governo paulista decretou luto de três dias pela morte da professora.
O estudante responsável pelos ataques está no Centro de Integração Inicial da Fundação Casa e passará pela audiência na Vara de Infância e Juventude nesta terça (28).
O corpo Elisabete Tenreiro é velado em cerimônia restrita aos familiares no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste da capital.
A educadora se aposentou como técnica do Instituto Adolfo Lutz em 2020, mas continuou dando aulas de ciências.
Era professora desde 2015 e começou a atividade na escola Thomazia Montoro neste ano.
Brigas frequentes, bullying, falta de segurança
A escola faz parte do Programa de Ensino Integral (PEI), projeto do governo do estado de São Paulo, desde 2021 -- no governo de João Doria (então no PSDB).
Relatos de pais, alunos e profissionais da educação indicam para déficit de funcionários e precarização do trabalho. Ex-alunos e pais que mencionam episódios de bullying e maus-tratos entre os muros da escola.
Segundo dados do Censo Escolar, conta com 15 professores e aproximadamente 300 alunos matriculados do 6º ao 9º anos do ensino fundamental.
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