Arcebispo de Maceió sobre casos de intolerância religiosa: 'banalidade do mal'
Dom Antônio Muniz Fernandez publicou uma carta como porta-voz da instituição

A Arquidiocese de Maceió se pronunciou na manhã desta sexta-feira (31), sobre os casos de intolerância religiosa que vêm ocorrendo no estado. O dom Antônio Muniz Fernandez, líder da igreja Católica de Maceió, classificou a intolerância como uma “banalidade do mal”.
Questionado sobre a posição da igreja nesses casos, Fernandez afirmou que qualquer agressão ou atentado a uma imagem ou símbolo religioso é um grave atentado ao ser humano.
Em seu posicionamento, Fernandez diz enxergar a melhor religião como aquela com a capacidade “nos fazer mais humanos”, como afirmou o Dalai Lama.
O líder religioso destacou a importância de não nos fecharmos ao diálogo, a fim de fortalecer a construção de pontes entre as pessoas, respeitando e praticando a comunhão entre irmãos e irmãs como ensinou Jesus. Fernandez encerrou seu pronunciamento pedindo para darmos espaço a manifestações “do mal em nossos corações”.
Confira o texto na íntegra
Dom Antônio Muniz Fernandes: Nota sobre Intolerância religiosa Intolerância ao pensar e ao ser diferente, são estes os termos para a “banalidade do mal “, segundo a pensadora política (filósofa), dentre as de primeira grandeza do século 20, Hannah Arendt.
Esta será sempre a minha resposta a todos e todas que a mim se dirigem nestes dias com longas perguntas, devo dizer que muitas, e sinceramente devo confessar: a maioria delas sem respostas convincentes.
Qual é a posição e a resposta da Igreja nestes casos?
Qualquer agressão ou atentado, por menor que seja, a uma imagem ou símbolo religioso de uma parte do ser humano é um gravíssimo atentado ao “ser humano”. A que ponto chegamos; estamos beirando a horrenda banalidade do mal. Passamos a dizer as coisas sem refletir o que estamos dizendo. E assim passamos a fazer o que o outro manda ou sugere. Se somos incapazes de sentir como se fossemos o outro, então a dor ou felicidade do outro não são minhas.
E assim gira o mundo, em nossos dias atuais nos perguntamos qual é a melhor religião do mundo? E o Dalai Lama responde: “A melhor religião é aquela que te faz mais humano”; e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) entra nesta resposta quando em pedaços de seu último manuscrito sobre o Mestre João da Cruz sugere que a sua conduta nos últimos dias de vida filosófica, na mais elevada acepção da palavra, lembrou do que Sócrates falou na iminência da morte.
Na tarde do dia 2 de agosto de 1942, dois agentes da temida Gestapo bateram às portas do Convento para buscar as duas irmãs, ao que Edith respondeu: “vamos Rosa entrar em comunhão com nosso povo”. Ela referia-se diretamente ao povo judeu. Os que foram, desde jovens ou mesmo adultos, ideologicamente formados e doutrinados para não sentirem nada da dor e do sofrimento do outro que era diferente.
Somos cristãos, tementes a Deus, em nosso coração não deve haver espaço para ações que caracterizem a manifestação do mal e nem nos fechemos ao diálogo que fortalece a construção de pontes e não de muros. Respeitemos uns aos outros praticando a comunhão entre irmãos e irmãs como Jesus sempre nos ensinou.
Maceió-AL, 30 de março de 2023.
Com minha bênção episcopal
Dom Antônio Muniz Fernandes, OCarm.
Últimas notícias

Prefeitura de Lagoa da Canoa entrega mais de 20 toneladas de pescado na Semana Santa

Colisão entre carro e moto deixa duas mulheres feridas na AL-115, em Igaci

Homem é assassinado a tiros nas imediações da Ladeira da Moenda, em Maceió

Polícia Civil apura homicídio nas proximidades do CT do CRB; vítima não foi identificada

Na contramão do país, Alagoas reduz número de pessoas em situação de rua no 1⁰ trimestre de 2025

Ex-senador preso por estuprar a filha vai para prisão domiciliar
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
