Política

As pessoas não são obrigadas a gostar de mim, diz Lula sobre polêmica com parlamento português

Partidos portugueses de direita prometeram protestos contra a participação de Lula em evento no parlamento na segunda-feira (24), motivados sobretudo pelas recentes declarações sobre a guerra na Ucrânia

Por 7Segundos com CNN Brasil 23/04/2023 10h10
As pessoas não são obrigadas a gostar de mim, diz Lula sobre polêmica com parlamento português
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: 22/04/2023REUTERS/Rodrigo Antunes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a polêmica com partidos de direita do parlamento português envolvendo sua visita e disse que “as pessoas não são obrigadas a gostar do Lula”, em entrevista ao veículo português RTP Notícias.

O presidente brasileiro poderia participar da sessão solene de comemoração da Revolução dos Cravos, na segunda-feira (24), no parlamento de Portugal. Mas decidiu não incluir o evento na agenda após partidos de direita afirmarem que não aceitariam a participação de Lula no evento.

“Não sei da polêmica, mas é bem possível. Em Portugal também me parece que tem uma certa polarização, um lado mais extremista de direita com os outros partidos políticos. Eu não tenho nenhum problema, eu não vim aqui para entrar na polêmica com o parlamento português”, disse Lula na entrevista.

“Eu vim aqui convidado para fazer uma tarefa, para cumprir agenda e eu vou cumpri-la sem nenhum problema. As pessoas não são obrigadas a gostar do Lula, não são obrigadas a gostar do presidente do Brasil. O que é importante é que as pessoas respeitem as instituições do seu país e as autoridades de outros países”, completou. “Não é uma oposição que vai me impedir de vir.”

Entenda a polêmica

Tudo começou quando o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, anunciou a presença do petista na sessão do 25 de abril, provocando revolta de partidos como o Partido Social Democrata (PSD), “Chega” e da Iniciativa Liberal (IL).

Os partidos de direita se dizem incomodados por conta das declarações recentes de Lula sobre a guerra na Ucrânia.

De acordo com a CNN Portugal, o PSD afirmou não aceitar que o presidente brasileiro discursasse na Assembleia da República durante a sessão solene comemorativa, e o líder da IL declarou que os deputados deixariam o local se isso ocorresse.

Após reunião com líderes dos partidos, ficou acertado que Lula seria recebido em uma outra sessão, de boas-vindas.

De acordo com a agenda oficial do parlamento, a sessão de boas-vindas para o presidente brasileiro acontecerá às 10h (horário de Lisboa), na segunda-feira, no plenário da Assembleia. Já a sessão da Revolução dos Cravos acontecerá a partir das 11h30.

Mesmo que o presidente brasileiro não discurse em homenagem ao 25 de abril português, Lula deve ter uma sessão de boas-vindas agitada.

A CNN Portugal reportou que ao menos dois partidos planejam realizar protestos contra o petista – motivados sobretudo pelas recentes declarações polêmicas sobre a guerra na Ucrânia.

Na sexta-feira (21), ucranianos em Portugal se reuniram em frente à embaixada brasileira em Lisboa para protestar contra a chegada de Lula no país.

Lula nega ter igualado responsabilidades, mas diz que nem Rússia e nem Ucrânia querem parar a guerra


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã de sábado (22), que “nunca” igualou as responsabilidades de Rússia e Ucrânia em relação à guerra, mas também afirmou: “A Rússia não quer parar, a Ucrânia não quer parar.”

As declarações foram dadas durante uma entrevista coletiva que o petista concedeu ao lado do presidente português Marcelo Rebelo de Sousa, com quem se reuniu, em Lisboa.

Lula foi questionado por repórteres sobre suas recentes posições expressas sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, como o apontamento de que EUA e UE teriam propiciado o prolongamento do conflito e que a decisão da batalha teria sido tomada “por dois países”.

*Com informações de Léo Lopes e da CNN Portugal