Bolsonaro sobre Cid: “Peço a Deus que ele não tenha errado e que cada um siga sua vida”
Ex-presidente afirma que "não tem conversado" com seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, que está preso e ficou em silêncio em depoimento hoje na PF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na tarde desta quinta-feira (18), que “não tem conversado” com seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid.
Cid ficou em silêncio nesta quinta durante depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito da operação que investiga fraudes no cartão de vacinação das famílias dele e do ex-presidente.
Em conversa rápida com repórteres, Bolsonaro disse que acompanhou a notícia sobre o depoimento de Cid: “Apesar de vazar, isso está em segredo de Justiça. Eu vi agora no rodapé de uma TV que ele ficou em silêncio. Isso é ele com o advogado dele”.
O ex-presidente fez elogios a seu ex-ajudante de ordens, a quem chamou de “excelente oficial do Exército”, e declarou: “Peço a Deus que não tenha errado e… cada um siga sua vida. Nós não fizemos… nós procuramos fazer tudo certo”.
Aliados de Bolsonaro minimizam silêncio de Cid e descartam delação
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) minimizaram a opção de Mauro Cid de permanecer em silêncio em depoimento.
Segundo fontes ligadas à defesa do ex-presidente, o movimento foi “tecnicamente perfeito”, já que a perícia no telefone do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro terminou somente um dia antes.
Diante disso, não houve tempo suficiente para analisar o material. Prosseguir com o depoimento, portanto, seria temerário, afirmam aliados de Bolsonaro. Uma opção seria pedir o adiamento do depoimento. Como isso não foi feito, a decisão pelo silêncio foi pertinente, avaliam. A defesa do ex-presidente segue não apostando que Mauro Cid opte por uma delação premiada.
O militar trocou de defesa recentemente. O advogado escolhido, Bernardo Fenelon, tem publicações defendendo os benefícios do instituto da colaboração premiada.
Em silêncio durante depoimento, Cid alegou falta de acesso à perícia de celulares
A justificativa dada pelo tenente-coronel Mauro Cid ao ficar em silêncio durante depoimento à PF foi a falta de acesso à perícia dos celulares apreendidos, no início deste mês, em operação que investiga fraude em cartões de vacinação.
A informação é da âncora da CNN Daniela Lima e do analista da CNN Leandro Resende.
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro tinha depoimento agendado para 14h30, mas chegou ao prédio poucos minutos depois do horário. O depoimento foi marcado no âmbito do inquérito que apura a inclusão de informações falsas no cartão de vacina de integrantes das famílias dele e do ex-presidente.
A analista da CNN Renata Agostini informou que a perícia no celular de Mauro Cid terminou nesta quarta-feira (17) e não chegou aos autos do processo, de forma que a defesa de Cid não teve acesso e tempo hábil para analisar a perícia policial.
Assim, uma fonte destacou que a escolha seria “tecnicamente perfeita”. Não havendo caminho de pleitear adiamento do depoimento, a saída seria ficar em silêncio.
O analista da CNN Leandro Resende acrescentou que, segundo fontes que acompanham o caso do tenente-coronel de perto, a defesa de Cid também reclama do acesso “a todo acervo probatório apreendido” na operação do dia 3 de maio, como o celular do ex-major do Exército Ailton Barros.
Além do celular de Mauro Cid, também foram apreendidos os celulares de outros presos na operação, como o de Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, ex-assessores de Bolsonaro, e do aliado do ex-presidente e ex-major do Exército Ailton Barros.
A CNN revelou, por exemplo, que Barros manteve troca de mensagens e áudios com Mauro Cid e com o ex-número dois do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, coronel Elcio Franco, sobre um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Apesar do silêncio no depoimento desta quinta, a defesa de Cid não descartou prestar depoimento à PF posteriormente.
Cid está preso desde o dia 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.
Os investigadores queriam explicações sobre, por exemplo, porque um computador usado por Cid acessou os dados de vacinação do ex-presidente nos dias 22 e 27 de dezembro do ano passado – dias seguintes à inclusão de dados falsos. No dia 30 de dezembro, segundo a investigação, o acesso aconteceu pelo celular pessoal de Cid.
O ex-ajudante de ordens também teria que esclarecer suposta adulteração no cartão de vacinas de seus familiares. A esposa dele, Gabriela Santiago Cid, foi intimada a prestar depoimento nesta sexta-feira (19).
A âncora da CNN Daniela Lima revelou que mensagens extraídas do celular do tenente-coronel pela PF revelam conversas com a esposa em que ambos colocam em dúvida os imunizantes.
Cid trocou de advogados no dia 10 de maio. Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore assumiram o caso após o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro promover mudanças na sua equipe de defesa. O advogado Rodrigo Roca deixou o caso.
Operação Venire
A Polícia Federal prendeu Mauro Cid no dia 3 de maio, em Brasília. Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. O secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva.
O celular do ex-presidente foi apreendido.
As ações fazem parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
A CNN apurou que a cidade de Duque de Caxias se envolve na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, houve um registro de que o ex-presidente teria se imunizado contra a Covid-19 no local, e a investigação apontou que era um dado adulterado.
*Publicado por Léo Lopes
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