Terapia hormonal gratuita ainda é sonho distante para população trans em Alagoas
Comunidade ainda enfrenta dificuldade de encontrar e continuar o tratamento hormonal

Em junho é celebrado o mês internacional do orgulho LGBTQIA + em diversos países do mundo. Nesta data são celebradas as conquistas e lutas por direitos e inclusão social desta categoria. Contudo, mesmo com os constantes avanços da atualidade, ainda é importante refletir sobre as dificuldades encontradas por esta população, sobretudo no âmbito da saúde pública.
Um dos desafios enfrentados pelas minorias sexuais e de gênero em Alagoas é a busca pela terapia hormonal, um elemento essencial para muitos indivíduos que desejam realizar a sua transição.
Embora a terapia hormonal seja reconhecida como um direito fundamental para garantir o bem-estar e a identidade, a sua disponibilidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é limitada e enfrenta obstáculos significativos em nosso estado.
Este é o caso da publicitária Késia Willyanne, que é uma paciente em tratamento hormonal e por conta da dificuldade de encontrar uma terapia gratuita, precisou interromper a sua dosagem diversas vezes.
“A minha terapia hormonal, eu já faço há uns três anos e meio, mais ou menos. Porém nesse período eu tive que parar muitas vezes, por questão financeira mesmo. Porque a hormonização, ela não é oferecida pelo SUS. Os hormônios não são oferecidos e custam muito caro. E isso não é só uma realidade minha, eu conheço muitas meninas trans que também passam pelo mesmo problema”, conta.
Por conta das dificuldades, Késia pensou em buscar o apoio da Defensoria Pública para tentar conseguir o seu tratamento de forma gratuita, contudo, ela afirma estar desmotivada sem precisar travar mais uma batalha para conseguir ser quem é.
“Eu já ouvi falar que tem a questão de recorrer à Defensoria Pública, para conseguir os hormônios. Eu ainda não tentei, pra ser sincera, porque eu escutei que é um processo muito difícil alguém conseguir alguma coisa, porque precisa ter muita gente pedindo naquele mesmo período pra que alguém consiga. Enfim, é muito trabalhoso”, afirma.
Sem muita perspectiva de conseguir manter o seu tratamento através do SUS, a comunicadora buscou juntar recursos de maneira própria, trabalhando como autônoma. Em busca de dinheiro, Késia se debruçou na arte e criou a personalidade artística Willy Angel, a fim de conseguir dinheiro com a música, além de seu ofício de publicitária. Apesar de esforçada, a jovem conta que trabalhar nessas áreas não traz um retorno financeiro garantido.
“Eu trabalhava como autônoma, com produção musical e com também com questões de design gráfico. Eu trabalhava com um pouco de cada coisa, então eu tinha dinheiro através desses desses jobs. É um emprego que eu fico a mercê das eventualidades de não ter clientes. De ter problemas, precisar investir o dinheiro que eu conseguir, então acaba que a questão hormonal fica de lado”, revela.
Por precisar investir em seu próprio emprego para poder conseguir trabalhar formalmente, a sua terapia hormonal acaba sendo deixada de lado. Além dos gastos necessários em outras ações de afirmação de gênero. E conforme explica em seus relatos, atrasar o seu tratamento acaba tendo consequências impagáveis para a sua saúde mental.
“Isso acaba atrasando muito a questão da transição e o desenvolvimento das características que a gente busca com a transição, da aparência, porque a gente quer ser o mais próximo do que a gente se sente confortável, no feminino. São várias outras coisas que a gente precisa estar investindo em dinheiro, como por exemplo em um laser pra tirar barba, no meu caso, a questão de retificação de documentação, porque eu preciso, é algo que é muito importante, tanto quanto a harmonização. O dinheiro acaba sendo investido nessas coisas. Quando você está desempregada, isso acaba sendo um processo muito mais demorado”, conta.
As dificuldades enfrentadas por Késia para conseguir transacionar e trabalhar formalmente, estão longe de ser um infortúnio. Diversas pessoas LGBTQIA + em todo o mundo passam por situações semelhantes todos os dias. Por isso, a saúde pública desta população precisa ser levada em conta.
Em Alagoas, as pessoas trans como Késia podem buscar apoio para o seu tratamento em alguns equipamentos disponíveis no estado, sendo eles o Hospital da Mulher, o Ambulatório Trans do Hospital Universitário (HU) e buscando apoio para ações afirmativas no Centro de Acolhimento Ezequias Rocha Rego (CAERR), voltado para a comunidade LGBTQIA+.
Na rede pública de saúde é possível encontrar profissionais capacitados para orientar e atender pacientes transexuais, contando com equipes de médicos, psiquiatras, endocrinologistas e profissionais de diversas áreas. Já no CAERR, é possível buscar apoio social nos mutirões de retificação de nome em certidões, casamentos coletivos e outras atividades oferecidas pela equipe.
Caso a história de Késia tenha te comovido e você queira ajudar uma mulher trans a continuar com o seu tratamento hormonal, é possível doar para a jovem utilizando a chave Pix 82987550195. Qualquer valor pode ser enviado para auxiliá-la em sua jornada para se tornar quem ela sempre foi.
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