Violência

Zico Bacana, era PM, ex-vereador, foi ouvido no caso Marielle e citado em CPI como chefe de milícia

Jair Barbosa Tavares foi baleado na cabeça em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. Em 2020, ele sobreviveu a outro tiro na cabeça em ataque. Zico foi investigado por denúncias que controlaria uma milícia no mesmo bairro onde foi baleado.

Por 7Segundos com G1 07/08/2023 20h08 - Atualizado em 07/08/2023 20h08
Zico Bacana, era PM, ex-vereador, foi ouvido no caso Marielle e citado em CPI como chefe de milícia
Trecho do relatório da CPI das Milícias que cita Zico Bacana - Foto: Reprodução

O ataque que matou o ex-vereador do Rio Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana, não foi a primeira tentativa de executá-lo.

Zico Bacana já tinha sofrido uma tentativa de assassinato em novembro de 2020. Na ocasião, ele afirmou, em entrevista ao Bom Dia Rio, que foi baleado de raspão na cabeça em um bar em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio, depois de um dia de campanha.

Nesta segunda-feira (7), Zico foi novamente baleado na cabeça em Guadalupe, também na Zona Norte, mas desta vez o tiro acertou em cheio, e ele não resistiu. O irmão dele, Jorge Tavares, também morreu, e um terceiro homem ainda não identificado ficou ferido.

Paraquedista e PM

Zico Bacana com faixa na cabeça após ataque em 2020 — Foto: Reprodução

Zico Bacana com faixa na cabeça após ataque em 2020 — Foto: Reprodução

Zico Bacana era o nome político de Jair Barbosa Tavares. Ele tinha 53 anos e foi vereador entre 2017 e 2020, pelo Podemos.

Em seu perfil nas redes sociais, ele se apresentava como paraquedista e policial militar.

Zico Bacana foi investigado pela CPI das milícias, citado como chefe de uma milícia. Em entrevista ao "Profissão Repórter", ele negou ser miliciano.

"Negativamente. Nunca. Nunca fiz parte (...) O policial militar é perseguido por usar farda e estar sempre no dia a dia com a população, é o que mais é visado", disse.

Ouvido no Caso Marielle

O ex-vereador Zico Bacana — Foto: Reprodução

Em 2018, chegou a ser ouvido como testemunha nas investigações do caso Marielle, que participou da CPI da Milícias – não há indícios de qualquer participação dele no crime.

"Informei o máximo que pude, da melhor forma. O que fizeram com a nossa colega não era para acontecer. Peço para que as pessoas que saibam alguma coisa que liguem para o Disque Denúncia. O anonimato é garantido. Vamos ajudar. Faço parte da cúpula da Polícia Militar e estou nessa para defender a conduta da menina, que Deus a tenha. Me colocaram nisso", afirmou.

Nesta segunda, antes do ataque, ele publicou stories em sua conta no Instagram nas ruas de Guadalupe, correndo e visitando obras da prefeitura.

Investigado por milícia

Trecho do relatório da CPI das Milícias que cita Zico Bacana — Foto: Reprodução

Trecho do relatório da CPI das Milícias que cita Zico Bacana — Foto: Reprodução

De acordo com as denúncias que chegaram à Alerj na CPI das milícias, Zico Bacana era chefe de uma milícia que atuava nos bairros de Guadalupe, onde foi atacado, e Ricardo de Albuquerque.

As denúncias indicam que ele controlava uma milícia na comunidade Eternit, em Guadalupe, e que teria ligações com a milícia da Palmeirinha, em Honório Gurgel, que seria controlada pelo também PM Fabrício Fernandes Mirra, o "Mirra".

Zico Bacana nunca foi condenado pelo crime.

Inicialmente, ele foi candidato a vereador pelo PSDC (Partido Social Democrata Cristão). Teve 3,3 mil votos, mas não se elegeu.