“Calúnia, mentira e difamação”, diz Frederick Wassef sobre venda de joias e operação da PF
Advogado do ex-presidente Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na sexta-feira (11)
O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Frederick Wassef negou que tenha participado do suposto esquema de vendas de presentes valiosos do governo federal no exterior revelado na sexta-feira (11) pela Polícia Federal (PF).
Em nota, ele disse que foi acusado falsamente e que as informações são “mentiras, contradições e fora do contexto”. Wassef também declarou que “mais uma vez está sofrendo uma campanha de fake news” e que “jamais participou ou ajudou de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”.
Na sexta, Wassef foi alvo da PF, que cumpriu mandado de buscas na casa dele, em São Paulo. Ele é apontado como participante do suposto esquema e como o responsável por recomprar o Rolex que foi vendido nos Estados Unidos pelo coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A PF sustenta, no inquérito, que Wassef embarcou aos EUA em março deste ano e recomprou o Rolex que havia sido vendido pelo coronel Cid.
Para a PF, Cid vendeu o item por US$ 68 mil (cerca de R$ 346 mil pela cotação atual do dólar) em junho do ano passado. Os investigadores dizem que as provas colhidas apontam que o militar viajou de Miami a Willow Grove, na Pensilvânia, para ir a uma loja de relógios e “efetivou a venda do relógio que integrava o kit ouro branco presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro”.
O kit foi presente da Arábia Saudita ao governo brasileiro em 2019.
Após a venda, Cid teria depositado o valor da venda na conta do pai dele, o general Mauro Lourena Cid. Uma troca de mensagens entre os dois também mostraria que o pai indicou ao filho qual conta deveria ser depositado o dinheiro em espécie.
Com a descoberta do caso e decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinando a inserção dos presentes ao governo brasileiro para a União, teria sido realizada uma “operação resgate” para reaver o relógio que havia sido vendido, onde entraria o papel de Frederick Wassef, segundo a investigação.
A PF, no inquérito, revela que o então advogado de Jair Bolsonaro foi o responsável pela recompra do objeto valioso e retorno dele ao Brasil.
A investigação indica que, no dia 14 de março deste ano, o advogado voltou ao Brasil com o relógio e entregou a Mauro Cid, que devolveu para o acervo do governo e foi entregue ao TCU.
Íntegra da nota de Frederick Wassef
“Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, uma vez mais, estou sofrendo uma campanha de Fake News e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isto é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação.
A primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa, quando liguei para Jair Bolsonaro e ele me autorizou como seu advogado a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa. Antes disso, jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda.
A Polícia Federal efetuou busca em minha residência no Morumbi em SP e não encontrou nada de irregular ou ilegal não tendo apreendido nenhum objeto, joias ou dinheiro. Fui exposto em toda televisão com graves mentiras e calúnias.”