Nada vai trazê-la de volta, mas vou lutar por justiça até o final, diz pai da menina Heloísa
Willian da Silva foi ouvido na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro sobre a abordagem da PRF que resultou na morte da criança após um tiro de fuzil na cabeça
Pai da menina Heloísa, morta por um tiro de fuzil, Willian da Silva disse, nesta sexta-feira (22), que vai lutar por justiça e que sua família tem enfrentado dias difíceis.
Heloísa da Silva, de três anos de idade, foi baleada na cabeça em 7 de setembro após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ela morreu em 16 de setembro.
“Nada que eu faça vai trazê-la de volta, mas eu vou lutar até o final, até o final”, disse na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Sem comer
Segundo Willian, a mãe da criança não consegue se alimentar desde a noite do crime. A irmã mais velha de Heloisa não para de perguntar sobre a menina.
“A minha filha de 8 anos falou para mim que ela queria virar uma estrelinha também. Ela disse: ‘Pai, eu vou virar uma estrelinha também logo porque como é que eu vou brincar com ela depois, quando eu for grande? Como é que eu vou brincar com a minha irmã? Ela virou uma estrelinha pequena'”, relatou Willian.
A reunião na Alerj atender a um pedido da família, segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputada Dani Monteiro (PSOL). O encontro também buscava oferecer apoio psicológico e jurídico para as vítimas.
“Hoje foi sobretudo para acolher a saúde mental. A gente está fechando esse mês do Setembro Amarelo. Não nos esqueçamos que hoje a saúde mental é o que mais vitima nossa sociedade, nos mais diversos segmentos”, disse.
Willian da Silva, pai da menina Heloísa, falou sobre a filha e a busca por justiça durante audiência na Alerj / Cleber Rodrigues/CNNInvestigação
Nesta semana, o Ministério Público Federal (MPF) ouviu a mãe de Heloísa e, nos próximos dias, o órgão deve ouvir os policiais envolvidos na abordagem da PRF.
Na última segunda-feira (18), a Justiça Federal negou o pedido de prisão dos três agentes da PRF, mas determinou medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, afastamento das atividades policiais, recolhimento no período noturno e a proibição de se aproximarem das vítimas.
Nesta sexta, porém, a Justiça autorizou a perícia nas armas, no veículo da família e na viatura da PRF.
O MPF e a Corregedoria-Geral da PRF também investigam a presença de 28 agentes da corporação no hospital durante o período em que a menina lutava pela vida. Os órgãos querem saber se os policiais foram cumprir obrigações profissionais ou pressionar a família da vítima.
A PRF informou que colabora com a investigação do Ministério Público Federal e que a Corregedoria do órgão abriu um procedimento para apurar possíveis desvios de conduta.