Pernambucano, queimado em tentativa de latrocínio em Maceió, reencontra familiares
Violência ocorreu quando dormia próximo à rodoviária de Maceió; lesões se estendem por 8% da área total do corpo

José Carlos dos Santos, de 42 anos, é um artesão peregrino. Após se separar de sua companheira, em São Caetano, município localizado no Agreste pernambucano, ele decidiu levar a sua arte para o litoral. Em Maceió, o artista foi alvo da ação de criminosos que, além de levarem o dinheiro e alguns produtos artesanais que carregava, o agrediram e atearam fogo nele, quando estava desacordado pela brutalidade da violência.
“Quando deixei de viver com a minha ex-mulher, decidi sair da minha cidade. Com o pouco que tinha, consegui chegar em João Pessoa, onde passei o Carnaval do ano passado vendendo o meu artesanato. Depois do Carnaval, fui pegando carona, passei pelo litoral de Pernambuco, até chegar na cidade de São José da Coroa Grande. Lá, eu conheci uns colegas que me levaram a Maragogi e trabalhei por lá durante o último Réveillon”, relatou o artesão.
Após a virada do ano, José voltou a peregrinar e chegou a Maceió, onde oferece os seus produtos aos turistas nas praias. Com o dinheiro que ganhava, ele afirma que foi se virando, dormindo onde achava mais tranquilo. Até que, na madrugada do último dia 15 de abril, enquanto dormia, foi vítima de atentado violento.
“Eu estava dormindo perto da rodoviária, no Feitosa, na rua, quando fui acordado já sendo espancado por um grupo de homens. Eles me bateram, tentaram me enforcar, até que eu apaguei. Quando acordei, já estava sentindo o fogo me queimando. Como estava chovendo, eu consegui apagar a água da chuva. Um carroceiro passou, eu pedi ajuda e ele me disse que eu deveria ir à UPA [Unidade de Pronto Atendimento]”, lembrou o pernambucano.
Sozinho, ele disse ter iniciado mais uma peregrinação, agora caminhando, durante a madrugada chuvosa, até a UPA de Jaraguá, onde finalmente encontrou ajuda. Lá, perguntaram o que tinha acontecido, foi agasalhado, medicado e examinado. Devido à extensão das queimaduras, a equipe médica de plantão avaliou que era necessária a transferência para o Centro de Tratamento de Queimados do HGE.
“Desde quando eu cheguei na UPA até agora, aqui no CTQ do HGE, eu não tenho nada o que reclamar. Estou sendo bem cuidado, estou comendo, recebendo as medicações e os curativos que preciso. Um dia após o meu internamento, algumas pessoas apareceram perguntando de onde eu vinha e eu pedi para localizar a minha família. Disseram que iriam fazer todo o possível e conseguiram”, compartilhou a vítima da violência urbana.
Essas pessoas ditas por José Carlos compõem a equipe da Sala Lilás do HGE, ligada à Rede de Atenção às Violências (RAV), vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). A assistente social Rosângela Lopes relatou que a pista era encontrar um ex-vereador de São Caetano, em Pernambuco, que é amigo do paciente e poderia repassar o contato de sua irmã. Com o contato, os irmãos de José Carlos dos Santos foram localizados, bem como, a mãe e demais parentes.
“A irmã dele que contatamos ficou muito feliz e já disse que virá buscá-lo quando ocorrer a alta hospitalar. Devido a algumas dificuldades, ela não pode vir agora, mas está em contato permanente conosco. Por agora, José se recupera das queimaduras no tronco, ombros e orelhas, que juntas representam 8% da área total de seu corpo. A equipe multidisciplinar do HGE tem feito um ótimo trabalho e, em breve, teremos mais uma família reunida”, estima a assistente social da RAV.
O CTQ do HGE é uma unidade de referência na assistência de feridos por queimaduras de Média e Alta Complexidade. Ele conta com a atuação de equipe multidisciplinar capaz de desenvolver as melhores técnicas para a recuperação das lesões, assim como as complicações que podem ser geradas. Acolhe alagoanos de diferentes partes do Estado, além de pacientes de outros Estados, como José Carlos dos Santos, sendo o único em plena atividade entre os hospitais públicos, filantrópicos e privados em Alagoas.
“O que eu quero agora é me recuperar logo para voltar a trabalhar na minha cidade. Deixar esse pesadelo para trás. Quero voltar a fazer as minhas peças e com elas continuar levando a minha vida, com mais tranquilidade e na simplicidade de sempre. É isso o que eu quero agora”, salientou o pernambucano salvo pelo HGE.
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