Queijo Minas Artesanal se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Reconhecimento dessa iguaria mineira que existe desde o século 18 foi concedida pela Unesco
A partir desta quarta-feira (4), o Brasil tem mais uma referência global. O Queijo Minas Artesanal se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, título concedido pela Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
A candidatura foi apresentada em 2022. A decisão pelo título é um marco para um produto tradicional e com uma longa história. O Queijo Minas Artesanal é fabricado desde o século 18, mas o modo de fazer somente foi reconhecido legalmente em 2002, pela primeira vez para a região do Serro, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) concedeu o registro de patrimônio imaterial no Brasil.
Em 2008 veio mais um passo. O “Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal” foi reconhecido nacionalmente pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), contemplando as regiões do Serro, Serra da Canastra e Serra do Salitre/Alto Paranaíba. De acordo com o Iphan, esta é a primeira vez que um modo de produção tradicional do país tem esse reconhecimento internacional.
O “Modo de Fazer” significa que o queijo é feito de leite integral de vaca fresco e cru, ordenhado e beneficiado na propriedade de origem, que apresente consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, isenta de corantes e conservantes, com ou sem olhaduras mecânicas”.
A principal característica que diferencia o Queijo Minas Artesanal de outros queijos artesanais produzidos no Brasil, e mesmo de outros produtos mineiros, é a adição do chamado “pingo”, fermento natural composto por bactérias láticas endógenas (bactérias originalmente presentes no leite cru com cepas específicas da região) que levam ao produto final características próprias de aroma, sabor, odor e textura do local onde é produzido.
De modo geral, esse tipo de queijo é proveniente de pequenas propriedades. São cerca de 9.000 produtores. São 10 regiões reconhecidas como produtoras de Queijo Minas Artesanal. São elas: Araxá, Campo das Vertentes, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra da Canastra, Serra do Ibitipoca, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. No total, Minas Gerais tem cerca de 30 mil produtores de queijos, contando os demais tipos do produto.
Agora, o Brasil passa a ter sete reconhecimentos internacionais de patrimônio cultural imaterial concedidos pela Unesco, entre eles a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (desde 2003), o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (desde 2005), o Frevo (desde 2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (desde 2013), a Roda de Capoeira (desde 2014), e o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão (desde 2019), de acordo com o Iphan.
No mundo, alguns exemplos do mesmo título são a Dança dos Dervixes, na Turquia, o Fado de Portugal, a Gastronomia na França, o Tango na Argentina e Uruguai, o Flamenco na Espanha e o Teatro de Sombras, na China, país com o maior número de títulos da Unesco.