MP propôs ação socioeducativa para estudantes de escola particular que cometeram injúria racial
A injúria racial ocorreu em um colégio particular de Maceió em 2024

“Eca, não toque em mim, você é negro… Sujo”, “Para de macacada”, “Você parece jogador de futebol da África”, “Sua mãe pulou na lama e você nasceu”, “cala boca, negro, escória da sociedade."
A injúria racial ocorreu em um colégio particular, em Maceió, no ano de 2024, e o Ministério Público de Alagoas (MPAL), cumprindo o seu papel em defesa da dignidade humana, adotou as medidas cabíveis propondo a instauração de Ação Socioeducativa Pública para que a Justiça possa aplicar a medida que achar mais adequada para os cinco adolescentes autores do desrespeito e das humilhações sofridas por um aluno negro.
Respaldada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a promotora de Justiça Hylza Torres, participará, nesta sexta-feira (06) da audiência de apresentação dos adolescentes que foram representados pelo ato infracional de injúria racial, o que ocorrerá com a participação dos pais. A audiência que deveria ter ocorrido no último 13 de maio, foi redesignada para o dia 06 de junho.
Para o Ministério Público de Alagoas é inaceitável, em pleno século XXI, haver atitudes preconceituosas e verbalização de ofensas por meio de expressões com conceito, indiscutivelmente, discriminatório, recheado de ódio , em relação ao adolescente, afetando-o psicologicamente.
“O adolescente foi agredido em várias situações, sofrendo ofensas sérias, sendo comparado com macaco, diante de ações sequenciadas e que satisfaziam, pelos relatos colhidos, os autores das infrações, que menosprezando a vítima por conta da sua cor se acham superiores em todos os quesitos, inclusive o social. Pois, o menino que foi discriminado , é filho de um professor e também há registro de que os adolescentes em conflito com a lei , desdenharam dele afirmando que seu pai, enquanto educador, era celetista e por isso escória da sociedade, querendo colocar que tinham poder aquisitivo diferenciado. A instituição de ensino falhou, pois não adotou as medidas assertivas e não tomou quaisquer providências, ressaltando se que esse caso não pode passar despercebido. Além de se reparar o desrespeito e injustiças contra o adolescente negro, é de suma importância que tais atos não se repitam e também para que sirva de lição para todos e de medida pedagógica adequada aos adolescentes representados ”, destaca a promotora Hylza Torres.
De acordo com o depoimento do professor e pai da vítima, devido ao preconceito e agressões sofridas, seu filho apresentou mudança de comportamento social e escolar, apresentou baixa autoestima e, notadamente, afetou o seu rendimento escolar necessitando de acompanhamento de psicólogos e psiquiatra. O caso veio à tona quando o menor agredido confessou à irmã mais velha que estava sofrendo racismo na escola e o fato foi publicado nas redes sociais.
“Os atos eram recorrentes, até a vítima não suportar mais e dividir seu sofrimento com a irmã dizendo que essas abordagens racistas já ocorriam há algum tempo e que todas eram em razão da sua cor. Imaginem que, durante uma aula sobre a evolução humana, o adolescente ouviu um dos cinco representados dizer que, nesse caso, ele deveria estar no lugar do macaco. Além do fato de que, durante jogos on-line com os adolescentes, o mesmo também foi comparado com um macaco (mico) , que é um dos personagens do jogo. Podemos considerar como absurda toda e qualquer forma de preconceito, racismo, não exclusivamente no caso em questão, mas em relação a qualquer pessoa. É preciso que os cinco adolescentes aprendam com seus erros , até entenderem que todos somos iguais independentemente de raça, cor ou condição social”, reforça a Promotora.
O mais chocante para o Ministério Público é que, apesar de o aluno ser transferido para outro colégio, por opção dos pais, os cinco jovens continuaram a praticar os atos infracionais, e discriminatórios, por meio de chamadas de vídeo feitas para amigos que estudam no novo colégio , onde a vítima está matriculada , com gestos que imitavam macacos. As aberrações indignaram a irmã do adolescente que escreveu um texto sobre os acontecimentos e postou nas redes sociais , provocando a mobilização de alunos do 3º Ano do colégio de onde a vítima havia migrado, com cartazes de aversão ao racismo e também conscientizando alunos daquela unidade escolar.
Como medidas, o pai do adolescente (vítima) acionou a Comissão de Igualdade Racial da OAB/AL e relatou os fatos, bem como recorreu às autoridades policiais e registrou Boletim de Ocorrência.
Últimas notícias

Em derrota para governo, Câmara retira de pauta MP que renderia R$ 17 bi

Hamas confirma que chegou a acordo com Israel para encerrar guerra em Gaza

Comerciantes do Mercado da Produção protestam após risco de corte de energia em Maceió

PF investiga possível ligação de crime organizado com crise do metanol

Ronda do Bairro recupera moto roubada em área de mata no Benedito Bentes em Maceió

Maribondo inicia nova fase: pré-inscrições abertas para o Programa Geração Futuro
Vídeos e noticias mais lidas

Homem confessa que matou mulher a facadas em Arapiraca e diz ela passou o dia 'fazendo raiva'

Guilherme Lopes dispara contra Beltrão: 'Penedo não deve nada a você'

Empresário arapiraquense líder de esquema bilionário perseguia juízes e autoridades, diz ex-mulher

Quem era 'Papudo': líder de facção de altíssima periculosidade morto confronto em Arapiraca
