Segurança

Corregedoria da Polícia Civil aponta arma de delegada em homicídio de Gari

O trabalhador ainda foi socorrido com vida e levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu ao ferimento

Por Lane Gois 15/08/2025 18h06
Corregedoria da Polícia Civil aponta arma de delegada em homicídio de Gari
O trabalhador ainda foi socorrido com vida e levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu ao ferimento - Foto: Reprodução

A arma usada no assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, na última segunda-feira (11/8), em Belo Horizonte, pertence à delegada Ana Paula Balbino Nogueira, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). A informação foi confirmada oficialmente pela Corregedoria da corporação nesta sexta-feira (15/8). O principal suspeito do crime é o marido da delegada, cujo nome ainda não foi divulgado pelas autoridades.

O crime ocorreu por volta das 8h55, na Rua Modestina de Souza, próxima à Avenida Tereza Cristina, na Região Oeste da capital mineira. Laudemir, que prestava serviços para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), trabalhava com outros quatro colegas no momento em que o caso aconteceu.

Discussão no trânsito terminou em homicídio


Segundo o boletim de ocorrência e depoimentos de testemunhas, um caminhão de coleta de lixo, conduzido por Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, havia parado na via para permitir a passagem de uma fila de veículos. Ao tentar orientar a manobra de um carro BYD cinza, que apresentava dificuldade de passar, a motorista foi ameaçada pelo condutor do automóvel.

De acordo com o relato de Eledias à Polícia Civil, o homem sacou uma arma preta, fez menção de engatilhá-la e disse:

“Se você esbarrar no meu carro, eu vou dar um tiro na sua cara. Duvida?”

Diante da ameaça, os outros garis tentaram conter os ânimos e pediram que o homem seguisse o trajeto. Porém, ele desceu do carro armado, deixou o carregador cair, recolocou-o na arma, manobrou o equipamento e disparou um único tiro em direção ao grupo, atingindo Laudemir.

O trabalhador ainda foi socorrido com vida e levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu ao ferimento.

Câmeras de segurança registraram o momento do crime


Imagens obtidas por câmeras de segurança mostram o momento da agressão. É possível ver o carro do suspeito manobrando na rua, parando por instantes e seguindo adiante. Logo após, outros carros recuam, e dois garis correm — um deles, Laudemir, segura o abdômen e cai no chão, sendo amparado por um colega.

Delegada é dona da arma, mas não é investigada por participação


Após o crime, o suspeito foi localizado e, ao ser abordado por militares, revelou que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais. Trata-se de Ana Paula Balbino Nogueira, que permanece em atividade e foi ouvida pela Corregedoria da PCMG.

A corporação confirmou que a arma usada no crime é de propriedade da delegada. Tanto a arma pessoal quanto a de serviço foram apreendidas e estão sendo analisadas nos inquéritos criminal e administrativo.

Apesar de o armamento estar registrado em nome da delegada, até o momento, não há indícios da participação dela no homicídio. A Polícia Civil também afirma que segue apurando os fatos com isenção e dentro dos trâmites legais.

Investigação segue em curso


A PCMG informou que o inquérito sobre o homicídio está em andamento. O nome do principal suspeito segue sob sigilo, enquanto a corregedoria avalia eventuais desdobramentos da posse da arma por parte da delegada.

O crime causou forte comoção entre colegas de trabalho de Laudemir e nas redes sociais, onde familiares e cidadãos exigem justiça. A Prefeitura de Belo Horizonte ainda não se manifestou oficialmente.


*Estagiário sob supervisão