Saúde

Pesquisa inédita identifica microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês em Maceió

As análises foram feitas a partir de amostras coletadas em dez gestantes atendidas no Hospital Universitário

Por 7Segundos 30/09/2025 06h06 - Atualizado em 30/09/2025 07h07
Pesquisa inédita identifica microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês em Maceió
Pesquisa inédita identifica microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês em Maceió - Foto: Reprodução

Uma pesquisa pioneira realizada em Maceió (AL) revelou a presença de microplásticos em placentas e cordões umbilicais de recém-nascidos. O estudo, publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, é o primeiro do tipo na América Latina e o segundo em todo o mundo a comprovar a presença dessas partículas em tecidos humanos relacionados à gestação.

As análises foram feitas a partir de amostras coletadas em dez gestantes atendidas no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e no Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira, ambos em Maceió. Utilizando a técnica de espectroscopia Micro-Raman, os pesquisadores conseguiram identificar moléculas de microplásticos com alta precisão.

No total, foram encontradas 110 partículas nas placentas e 119 nos cordões umbilicais. Os tipos mais comuns identificados foram polietileno (usado em embalagens plásticas descartáveis) e poliamida (tecidos sintéticos).

Apesar da contaminação estar presente em todas as amostras brasileiras, os especialistas apontaram que a quantidade de aditivos químicos foi menor em comparação a estudos realizados nos Estados Unidos. Possíveis fontes de exposição incluem poluição marinha — pelo consumo de peixes e moluscos filtradores — e água mineral envasada em galões plásticos expostos à luz.

O pesquisador Borbely, que investiga a contaminação por microplásticos desde 2021, destacou que estudos internacionais já demonstraram aumento expressivo da poluição ao longo das últimas décadas: 60% em 2006, 90% em 2013 e 100% em 2021.

A próxima etapa do trabalho prevê ampliar a amostragem para 100 gestantes e investigar possíveis correlações entre a presença dos microplásticos e complicações na gestação ou problemas de saúde em recém-nascidos.

A pesquisa contou com financiamento do CNPq e da Fapeal (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas) e representa um marco para os estudos ambientais e de saúde pública no Brasil.