Política

Alfredo Gaspar pede prisão preventiva de envolvidos em esquema no INSS

Relator detalha esquema que desviou mais de R$ 700 milhões de aposentados e anuncia pedido de prisão de quatro investigados

Por 7Segundos com Assessoria 21/10/2025 14h02
Alfredo Gaspar pede prisão preventiva de envolvidos em esquema no INSS
Alfredo Gaspar apresenta organograma do esquema que teria desviado milhões da Previdência por meio de associações de fachada - Foto: Assessoria

As investigações da CPMI do INSS avançam a cada sessão e revelam, através de provas e depoimentos, a estrutura de um dos maiores esquemas criminosos já montados dentro da Previdência Social. E, nesta segunda-feira (20), apesar do silêncio de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, apontou detalhes da estrutura criminosa envolvendo o Clube de Benefícios no golpe contra aposentados e pensionistas.

A sessão, que durou mais de 12 horas e seguiu pela madrugada, trouxe novos elementos que fizeram o relator da Comissão anunciar que irá solicitar a prisão preventiva de Felipe Macedo Gomes e dos seus sócios Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro e Igor Delecrode. Os quatro foram alvos da Polícia Federal, acusados de fraudes no INSS, por comandar empresas ligadas às entidades Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil), que teve o Acordo de Cooperação Técnica (ACTs) celebrado com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em março de 2022, com publicação em agosto de 2022; Master Prev, que teve seu ACTs celebrado em agosto de 2023, com publicação em novembro de 2023; a Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDAPP), que teve, em fevereiro de 2024, seu ACTs celebrado e publicação em março de 2024; e a Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (ASAAP), que teve o acordo em julho de 2023, com publicação em março de 2024.

Segundo Alfredo Gaspar, o grupo atuava de forma coordenada e se revezava no comando de quatro associações usadas para desviar recursos públicos. “O que une esses quatro? É que aquele cidadão sentado ali, chamado Felipe Macedo Gomes, tinha procuração para comandar as quatro associações. Ao lado dele havia Américo Monte Junior e Anderson de Vasconcelos. E quem deu a solução tecnológica para essa fraude? Esse rapaz chamado Igor Delecrode”, apontou o relator durante a sessão.

Através de organogramas com vínculos e dados, o relator detalhou os números que revelam a dimensão do golpe, com as associações movimentando centenas de milhões de reais em poucos trimestres, alcançando um montante impressionante até a deflagração da Operação Sem Desconto. Somente Felipe Macedo Gomes, apontado como chefe do grupo, controlava quatro entidades que arrecadaram mais de R$ 700 milhões, valor que a CPMI agora busca rastrear integralmente.

“Essas pessoas assinam contratos milionários com familiares de autoridades do INSS e ainda inserem cláusulas anticorrupção, como se isso fosse suficiente para mascarar a imoralidade do que estão fazendo. É um tapa na cara de quem trabalha e confia nas instituições”, afirmou o deputado. “O que vimos aqui hoje foi a demonstração de que, para alguns, meter a mão no dinheiro do povo vale a pena, porque a justiça ainda não chega para todos. Mas, nesta CPMI, o cerco está se fechando”, concluiu.

O relator lembrou ainda do luxo ostentado com o dinheiro roubado, através da compra de carros de alto padrão, entre eles uma Ferrari e quatro Porsches, já apreendidos pela Polícia Federal. “Essa Ferrari agora, por enquanto, não está podendo ser usada, e os Porsches também estão recolhidos. Mas sabe de quem é isso aqui? Isso aqui é dos aposentados e pensionistas, que não sabem que são donos desse patrimônio”, completou Alfredo Gaspar.

O pedido de prisão preventiva dos quatro investigados será apresentado na próxima sessão da CPMI do INSS, que também analisará os vínculos de outras pessoas e empresas conectadas à rede de corrupção desvendada pela Comissão.