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Após deixar prisão, Rodrigo Bacellar se licencia do mandato na Alerj

Deputado Rodrigo Bacellar pediu afastamento de 10 dias após ser solto nessa terça (9/12) por decisão do ministro Alexandre de Moraes

Por Metropoles 10/12/2025 21h09
Após deixar prisão, Rodrigo Bacellar se licencia do mandato na Alerj
Deputado Rodrigo Bacellar pediu afastamento de 10 dias após ser solto nessa terça (9/12) por decisão do ministro Alexandre de Moraes - Foto: Reprodução

Um dia depois de deixar a prisão, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ) decidiu se afastar do mandato parlamentar. O pedido de licença por 10 dias foi protocolado nesta quarta-feira (10/12), primeiro dia de sessões na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) desde a soltura, ocorrida na noite dessa terça (9/12) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

No ofício entregue à Casa, o parlamentar solicita afastamento entre os dias 10 e 19 de dezembro, apesar de ter o direito de se ausentar por até 120 dias. A medida não altera a atual condução da Alerj, que segue sob comando interino do vice-presidente, Guilherme Delaroli (PL-RJ). Uma mudança na presidência só ocorreria em caso de renúncia de Bacellar, mas a possibilidade não foi cogitada publicamente até o momento.

Bacellar passou uma semana preso preventivamente, no âmbito da Operação Unha e Carne. Segundo a Polícia Federal, ele é suspeito de ter vazado informações sigilosas para beneficiar o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, detido em setembro por suspeita de ligação com o Comando Vermelho.

A prisão havia sido ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes. Embora afastado da presidência da Alerj por determinação do próprio ministro, Bacellar mantinha o direito de exercer o mandato de deputado.

Soltura após votação na Alerj
Rodrigo Bacellar deixou a Superintendência da PF no Rio na noite dessa terça e passou a madrugada em casa, com tornozeleira eletrônica. A liberação foi determinada por Moraes após a Alerj aprovar, na segunda-feira (8/12), a revogação da prisão. O placar foi de 42 votos a favor, 21 contrários e duas abstenções.

Ao substituir a detenção, o ministro impôs medidas cautelares.

Medidas cautelares impostas por Moraes a Bacellar
Afastamento do cargo de presidente da Alerj.
Recolhimento domiciliar no período noturno, das 19h às 6h, de segunda-feira a sexta-feira, e integral nos fins de semana, feriados e dias de folga.
Proibição de se comunicar com os demais investigados.
Entrega de todos os passaportes.
Suspensão imediata de quaisquer documentos de arma de fogo em nome de Bacellar, bem como de quaisquer Certificados de Registro para realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça.

Do que Bacellar é acusado
A prisão de Bacellar ocorreu em 3 de dezembro. Segundo a Polícia Federal, o deputado teria antecipado informações sigilosas da Operação Zargun ao também deputado TH Joias (MDB), detido em setembro por suspeita de ligação com o Comando Vermelho. Investigadores afirmam que o vazamento pode ter ajudado a atrapalhar o avanço das apurações.

Relatórios da PF também mencionam que Bacellar teria orientado TH Joias a retirar objetos de sua residência para evitar apreensões. A defesa do presidente afastado da Alerj nega qualquer irregularidade e sustenta que não havia fundamentos para a prisão preventiva.

No mesmo dia da operação, agentes cumpriram mandados de busca em endereços ligados ao deputado – entre eles seu gabinete na Alerj e imóveis no Rio e no interior do estado. Foram recolhidos R$ 90.840 em espécie no carro oficial e três celulares, que passarão por perícia. A detenção ocorreu após Bacellar ser chamado para uma reunião com o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão.

O que é a Operação Zargun
Deflagrada em setembro, a Operação Zargun investiga um esquema de corrupção que, segundo a PF, conectava lideranças do Comando Vermelho no Complexo do Alemão a agentes públicos — entre eles policiais militares, um delegado federal, um ex-secretário municipal e estadual e o deputado TH Joias.

As acusações incluem organização criminosa armada, tráfico interestadual, contrabando, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e violação de sigilo. Mensagens apreendidas na operação levaram os investigadores à suposta participação de Bacellar no vazamento de informações.

Na decisão que autorizou a prisão preventiva, Moraes afirmou haver “fortes indícios” da atuação de Bacellar em uma organização criminosa. O ministro destacou a “infiltração política” do Comando Vermelho no estado e disse que o deputado teria atuado ativamente para obstruir investigações.

Segundo Moraes, Bacellar se comunicou com TH Joias antes da operação e o orientou a retirar objetos de interesse da PF. O magistrado apontou risco de continuidade delitiva e possibilidade de interferência nas apurações.