Diário do Sertão
Denuncia mostra escolas em condições insalubres em São José da Tapera
Mesmo com as sucessivas denuncias de supostas precariedades na infraestrutura das escolas municipais de São José da Tapera, no Sertão de Alagoas, sempre desmentidas pela administração do município, um novo Raio-X comprova que o que era denunciado a vários anos só piorou.
Funcionando em prédios antigos, muitas dessas escolas tem sido reformadas na tentativa de abrigar a cada ano um número maior de alunos.
Uma coletânea de imagens de várias unidades do nível fundamental de escolas da rede municipal em Tapera, comprovou o estado de abandono de muitas escolas e a luta que algumas crianças travam por quererem estudar. As imagens foram obtidas in loco, na última semana, pelo advogado José Romário Pereira, que vem denunciado o estado de "caos" na educação municipal.
Em algumas escolas faltam portas nos banheiros, ou os banheiros estão sem os vasos sanitários, pias estão sem as torneiras, faltam luminárias nas salas, infiltração nas paredes que tem deixado muitas crianças doentes, lixo nas áreas que deveria ser de lazer, a água usada pelos alunos é de procedência duvidosa, cisternas sujas, falta acessibilidade para alunos especiais na maioria das escolas e fossas estão abertas em locais onde os alunos brincam. Um outro detalhe observado é que na maioria das escolas municipais em São José da Tapera não existe o nome da unidade escolar.
Com uma população de 30.604 habitantes, conforme o resultado do Censo-2022, do IBGE, São José da Tapera, ainda segundo o IBGE tem 7.482 (47,9%) analfabetos com 15 anos ou mais de idade. O número é um dos mais altos do Sertão.
Já a página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga que 5.395 (22,86%) eleitores aptos a votarem na eleição de 6 de outubro não concluíram o Ensino Fundamental e 2.700 (11,44%), são analfabetos.
Uma outra realidade é em relação ao alto número de professores doentes ou prestes a se aposentarem e a grande quantidade de contratados (pessoas sem concurso público) que se revezam em salas de aulas, onde em muitas dessas escolas as carteiras estão quebradas, dificultando para os alunos com deficiência física.
As denúncias também atinge a qualidade da merenda escolar do alunado, principalmente nas escolas na zona rural, onde diariamente é servido - quando tem - biscoito doce com suco ou pão "dormido" com suco.
Uma outra denúncia é em relação aos direitos do pessoal contratado. Todos recebem menos que o piso determinado por Lei (a base é de um salário mínimo - R$ 1.412,00) e nenhum deles tem direito ao 13º ou outras garantias. São profissionais temporários que são contratados em qualquer mês do ano, dispensados no recesso do meio do ano, sem promessa de retornarem. No segundo semestre alguns novos são contratados e também dispensados, sem nenhum direito, antes do final do ano letivo.
Vários ônibus escolares estão em estado de abandono na garagem da prefeitura, onde alguns dos veículos estão sem o motor ou inutilizados por terem incendiado enquanto levavam crianças para as escolas. Ou poucos que funcionam circulam com vidros quebrados, assentos rasgados e bastante sujos.
Após muitas reclamações dos pais, a prefeitura locou vários veículos (vans e ônibus) na tentativa de suprir os problema. Porém, jovens que estavam matriculados em cursos no Ifal de Piranhas ou em universidades em Arapiraca ou Maceió foram obrigados a abandonarem seus sonhos após a Secretaria Municipal da Educação "proibir" o transporte para cidades distantes, sob o argumento que a permissão só seria dada se os veículos fossem com a lotação completa.
Nas creches municipais, pais tem denunciado que os cuidadores contratados não são capacitados para o serviço e nem algumas das professoras tem experiência para casos de socorrem alguma criança. Destaca-se que no Sertão várias prefeituras fizeram convênio com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para treinarem seus professores, cuidadores e pessoal de apoio de creches e escolas do nível fundamental para darem os primeiros atendimentos ao alunado no caso de algum acidente, até a chegada do Samu.
Sobre as denúncias, o Portal 7 Segundos tentou ouvir o prefeito Jarbas Ricardo (MDB), mas ele não atendeu as ligações e o município não tem nenhum órgão de comunicação oficial. Ainda assim o Portal de notícias mantém o espaço garantido para a resposta destas denuncias.