Diário do Sertão
Abandonados pela direção, candidatos do PDT no Sertão dizem que vão deixar o partido
E o PDT, que já comandou o governo de Alagoas, de 1999 até 2006, com Ronaldo Lessa, atualmente vice-governador, teve uma pífia participação nas eleições municipais do último domingo, dia 6, no Sertão alagoano.
Destaca-se que oficialmente Lessa só assinou a ficha de filiação do partido brizolista anos depois, em 2005, muito próximo de vencer a eleição para o senado. Até então ele era filiado ao PSB, embora suas ideias e ações sempre foram de um pedetista, daí se comentar que Lessa já era de corpo e alma um pedetista dentro da "casa" socialista, que o perdeu oficialmente após Lessa e o ex-líder do PSB, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes se desentenderem politicamente.
Este ano, o partido lançou candidatos a prefeitos em Canapi, onde Paulinho Ribeiro perdeu com 238 votos (1,98%), sendo o terceiro mais votado; Água Branca, onde Ricardo Lima (PDT), teve 2.598 votos (21,97%), o segundo mais votado; Senador Rui Palmeira, onde o professor Rogério Amaral teve 284 votos (3,72%), terceiro mais votado; Poço das Trincheiras, onde Marcelo Melo teve 2.452 votos (27,35%), terceiro colocado e São José da Tapera, com o estreante na política, o advogado José Romário Pereira, que teve 5.248 votos (30,78%), o segundo mais bem votado.
Embora tenha elegido o vice-prefeito de Piranhas, o agricultor Zé Vicente e mais três vereadores no município, o PDT também conseguiu a vitória de outros vereadores na região. Mas todos são unanimes em afirmar que foram "esquecidos" pela direção do partido, que não procurou os diretórios para oferecer cursos a seus filiados de formação política, marketing, aperfeiçoamento em redes sociais para políticos ou outro instrumento de ajuda para campanha.
Com um fundo partidário de R$ 30 mil para cada diretório, valor que teve de ser dividido para os pagamentos de advogados, contadores, material gráfico, combustível e alimentação o partido é duramente criticado por todos os filiados, que se sentiram "abandonados", principalmente os candidatos a prefeitos, pela não presença do líder maior, o vice-governador do Estado, que não compareceu a nenhuma caminhada ou encontro com moradores que apoiaram as candidaturas pedetistas no Sertão.
"Nem para as nossas caminhadas o vice-governador apareceu. Enquanto isso nossos concorrentes tiveram a companhia de deputados, senadores e até do governador. Tá errado", disse um candidato a vereador por Água Branca.
Em Canapi a revolta não é diferente.
"A conversa é muito bonita, mas não existe espirito de união no partido. Nos abandonaram nas eleições. Só apareceram no final com uma mensagem gravada em vídeo para a gente publicar nas redes sociais", desabafou outro pedetista.
Em cada município do Sertão, onde tem um diretório do PDT, a grande maioria garante que irá se desfiliar por conta do "desprezo" que os líderes pedetistas lhe deram. Alguns não eleitos chegam a afirmar que poderiam ter tido o dobro dos votos que tiveram ou até vencido a eleição se tivessem tido a ajuda presencial ou uma orientação do PDT alagoano.
"Aqui, se não fosse o nosso candidato a prefeito, nem sei se haveria como termos elegido uma vereadora. Não foi feita nenhum formação para nós. Só somos números e pronto. Assim que puder eu vou me desfiliar", afirmou outra pedetista em Poço das Trincheiras.