Eleições

Doria renuncia ao governo de SP e diz que mantém pré-candidatura à Presidência

Apesar de ter vencido as prévias do PSDB para concorrer ao Planalto, tucano enfrenta resistência de parte do partido e baixo desempenho em pesquisas eleitorais

Por CNN Brasil 31/03/2022 20h08
Doria renuncia ao governo de SP e diz que mantém pré-candidatura à Presidência
João Doria (à esq.) confirma renúncia ao governo de São Paulo; Rodrigo Garcia (à dir.) assume - Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Estadão Conteúdo

João Doria (PSDB) confirmou nesta quinta-feira (31), em evento no Palácio dos Bandeirantes, que continuará sendo pré-candidato à Presidência da República neste ano. A informação já havia sido antecipada pela âncora da CNN Daniela Lima e pelos analistas de política Iuri Pitta e Renata Agostini.

“Sim, serei candidato à Presidência da República pelo PSDB. Nosso Partido da Social Democracia Brasileira. E juntos, do lado de outros partidos valorosos, nós vamos vencer. Vamos vencer o populismo, a maldade, a diversidade, a corrupção, e juntos todos nós vamos ter um novo Brasil. Viva nossa pátria, nossa democracia”, afirmou Doria.

“Quero estar ao lado de vocês a partir do próximo dia 2 para mostrar que é possível ter uma nova alternativa pro Brasil. De paz, trabalho, dedicação, humildade e integração de todo Brasil. Fazer isso com determinação, longe da ideologia, distante do populismo, e absolutamente condenado a corrupção e o maltrato do dinheiro público”, continuou.

A decisão foi anunciada no mesmo dia em que o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro comunicou que abre mão da corrida pelo Palácio do Planalto ao entrar no União Brasil, partido que o recebe depois da saída do Podemos.

O tucano afirmou que, para se manter na disputa presidencial, irá renunciar ao cargo de governador de São Paulo. Dessa forma, quem assumirá a administração do estado a partir do dia 2 de abril será o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que figura como pré-candidato a eleição estadual para tentar manter o PSDB no comando do governo paulista.

“Daqui para frente, nosso trabalho continua em São Paulo pelas mãos de Rodrigo Garcia, que no próximo dia 2 será governador de São Paulo e será reeleito”, proclamou Doria.

O movimento de Doria de continuar na disputa pela sucessão presidencial acontece após uma parte do PSDB ter afirmado que o político estava considerando permanecer como governador e disputar a reeleição em São Paulo, desistindo, assim, de disputar a eleição ao Palácio do Planalto.

A possibilidade de Doria permanecer no governo estadual foi interpretada como um ultimato que o tucano deu ao partido, ameaçando acabar com toda a construção de candidaturas no maior colégio eleitoral do país e implodir todos os acordos feitos previamente.

Doria foi o vencedor das prévias do PSDB, realizadas em novembro de 2021, para definir o candidato do partido a presidente em outubro. Porém, o então governador continuou enfrentando resistência de alas da sigla, principalmente por figuras tucanas importantes como Aécio Neves e Tasso Jereissati.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, adversário de Doria nas prévias, também anunciou a renúncia ao governo estadual e cogita ser candidato a outros cargos eleitorais, incluindo presidente, apesar de ter perdido a disputa interna para o paulista. Leite, contudo, reforçou que respeita as prévias realizadas pelo partido.

Doria chegou a afirmar que as tentativas de parte do PSDB de reverter sua candidatura presidencial seriam um “golpe”.

“O Brasil merece João Doria”, diz Rodrigo Garcia

Rodrigo Garcia disse durante o evento que o “Brasil merece João Doria” e que deseja “força, foco e fé” ao pré-candidato ao Palácio do Planalto, parafraseando o lema da campanha à Prefeitura de São Paulo de Bruno Covas, que morreu em maio do ano passado.

“Hoje chegamos ao final de um ciclo. Não estamos aqui para te dizer adeus, e sim um até breve. Por que sabemos da importância do que você fez em São Paulo e fará no Brasil. Hoje, o momento é seu”, indicou Garcia.

Candidatura à Presidência da República

O prazo para políticos deixarem cargos para concorrer a outro posto nas eleições deste ano termina nesta semana. Sendo assim, Doria deve formalizar sua renúncia ao governo de São Paulo até, no máximo, o próximo sábado (2).

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o dia 2 de abril marca a última data para desincompatibilização de candidatos à Presidência. Por força de lei, governadores, magistrados, secretários estaduais, ministros e demais donos de mandato eletivo devem deixar suas funções para que possam concorrer a outros cargos.

Apesar de seu desempenho no governo estadual ser bem avaliado em pesquisas, a rejeição a Doria é grande. Nos levantamentos de intenção de voto para presidente, Doria não consegue decolar e aparece com menos de 5%. Dentro do PSDB, o político também enfrenta opositores.