Segurança

Dados do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos apontam que mais de 35% dos desaparecidos têm de 0 a 17 anos

Mais de um terço dos desaparecidos no Brasil são crianças e adolescentes

Por Governo Federal 30/05/2022 17h05
Dados do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos apontam que mais de 35% dos desaparecidos têm de 0 a 17 anos
Governo federal firmou acordo de cooperação técnica com o MPRJ para criar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - Foto: Reprodução

Mais de um terço dos desaparecidos no Brasil são crianças e adolescentes
de até 17 anos. Nessa faixa etária, são 30 mil desaparecidos
atualmente, segundo registros feitos em delegacias reunidos pelo Sistema
Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), do
Conselho Nacional do Ministério Público. No total, o país tem 84,9 mil pessoas desaparecidas.

Para aumentar o percentual de resolução dos casos, um cadastro nacional está
sendo criado para unificar as informações sobre desaparecidos no país. A
base de dados do governo federal
irá usar a tecnologia e os registros já presentes no Sinalid, que é o
maior sistema público de enfrentamento ao desaparecimento no Brasil.


Como o sistema foi criado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(MPRJ), o governo firmou um acordo de cooperação técnica com o
ministério para repasse de informações e conhecimento acumulados.

Gestor técnico do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos
(PLID) do Ministério Público do RJ, André Luiz Cruz afirma que a
unificação dos dados é a melhor maneira de melhorar a eficiência das
buscas. Ele cita que, em geral, as famílias
que buscam delegacias para procurar parentes são aconselhadas a
procurarem hospitais e os institutos médicos legais (IMLs) da região.

“Principalmente no caso do Rio de Janeiro, você ter que peregrinar por tantos hospitais
e IMLs é inviável. Não faz sentido que mesmo uma pessoa estando sob os
cuidados do Estado, em algum hospital público, por exemplo, a gente não
tenha uma organização dos dados suficiente para circular essa
informação”, afirma Cruz.

O especialista defende que, para
melhorar a eficiência da ação policial, é preciso que todas essas
informações estejam disponíveis de maneira imediata “para que várias
opções já sejam descartadas, e a investigação se inicie apenas se
realmente não for possível localizar o desaparecido em nenhum
equipamento público”.

Perfil dos desaparecidos


Os números do Sinalid mostram que a faixa etária com maior número de desaparecidos é de adolescentes
entre 12 e 17 anos, com mais de 30% dos casos. Para Cruz, do MPRJ, os
casos mais complexos, que levam até anos sem solução, também são,
principalmente, de crianças e adolescentes.

“Isso acontece,
primeiro pela maior vulnerabilidade que é natural entre as crianças, e
também pela própria dificuldade que os menores têm de se identificarem,
de dizerem que são filhos de tal pessoa, descreverem seu endereço. Além
disso, a maior parte não tem documento de identidade. Um estudo feito
pelo MP há alguns anos mostra que as pessoas começam a fazer esse tipo
de documento já com mais idade, de 15 a 16 anos, então nos casos de
crianças mais novas, é impossível ter uma identificação da digital”,
afirma o gestor do programa.

Cruz destaca ainda que é preciso dar a
devida assistência para as famílias das pessoas que desaparecem por
longos períodos. “Os efeitos colaterais dos desaparecimentos que se
prolongam por muito tempo são muito nocivos e específicos, não são
iguais a casos de morte ou outras ocorrências, então é preciso qualificar profissionais para esse tipo de atendimento”.