Saúde

No Brasil, oito milhões sofrem com a endometriose: A doença pode comprometer a qualidade de vida da mulher

Profissionais de saúde ressaltam a importância do acesso ao diagnóstico da doença e tratamento.

Por CNN Brasil 04/08/2022 17h05
No Brasil, oito milhões sofrem com a endometriose: A doença pode comprometer a qualidade de vida da mulher
Estima-se que, em todo o mundo, a endometriose afete cerca de 180 milhões de mulheres, sendo mais de 7 milhões somente no Brasil. - Foto: Reprodução

A cantora Anitta passou, no último dia 20, por uma cirurgia para tratamento de uma endometriose — doença que acontece quando o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, 70% de todas as pessoas que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) são mulheres.

No Brasil, oito milhões sofrem com a endometriose. Abrão, que também é chefe do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da USP de São Paulo, acredita que um dos caminhos para melhorar a saúde feminina é o avanço contínuo da pesquisa sobre a doença e das técnicas de cirurgia minimamente invasiva.

A dor, que compromete a qualidade de vida da mulher, é um dos sintomas mais comuns da endometriose. Além disso, dificuldade para engravidar também pode acontecer em pessoas com a doença.

Os principais sintomas são: cólicas intensas durante o período menstrual, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, alterações intestinais e urinárias na fase da menstruação, além de infertilidade.

Como é feito o diagnóstico e tratamento da endometriose

De acordo com estudos, quando se faz o diagnóstico da endometriose, estima-se que a doença já esteja se manifestando há 3 até 12 anos.

“Até 20% das mulheres podem ser assintomáticas. O que atrasa o diagnóstico é a normalização da dor, que muitas vezes é confundida com constipação intestinal, alterações musculares e infecciosas”, afirma a ginecologista Márcia Mendonça, coordenadora da equipe multidisciplinar de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Diante da suspeita, o exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por exames laboratoriais e de imagem.

No tratamento clínico, podem ser indicados analgésicos, anticoncepcionais e DIU (dispositivo intrauterino) de hormônio para interromper a menstruação e controlar os sintomas. Caso não haja uma resposta adequada do organismo ou existam nodulações nas áreas afetadas, é preciso considerar a cirurgia como uma alternativa.

O tratamento cirúrgico é feito com a retirada de lesões ou de todo o útero (quando não há intenção de engravidar). “O mais importante é a individualização do tratamento, considerando a idade do paciente e o desejo ou não de engravidar”, diz a médica.