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Hanseníase: enfermeira de Palmeira alerta para a prevenção à doença milenar

Doença causa manchas e falta de sensibilidade na pele

Por 7segundos 03/02/2023 16h04 - Atualizado em 03/02/2023 17h05
Hanseníase: enfermeira de Palmeira alerta para a prevenção à doença milenar
Rebeca Oliveira, enfermeira da vigilância em saúde de Palmeira - Foto: Weverton Bruno

Hanseníase ou lepra, nome pelo qual a enfermidade era conhecida no passado, é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, em memória de seu descobridor. É provável que a transmissão se dê pelas secreções das vias aéreas superiores e por gotículas de saliva.

A enfermeira Rebeca Oliveira da rede de saúde do município de Palmeira explica que a doença não pode mais ser chamada de Lepra. "Essa determinação não se usa mais por ser pejorativo. É uma doença que deveria estar eliminada, mas devido as condições socioeconômicas ainda persiste. É uma doença de pele que pode ter manchas brancas e vermelhas que podem ter sensibilidade ou não," disse ela.

Rebeca ainda afirmou que é uma doença que tem cura e tem tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). "O SUS oferece essa medicação e não falta. Se for identificado no início tem tratamento, porque você pode passar de 10 a 15 anos com a doença e quando perceber estar no estado avançado. O diagnóstico é feito de forma clinica, o médico ou enfermeiro fazem a análise do paciente, mas também pode ser feito de forma laboratorial," explicou a enfermeira. 

Caso alguém apresente os sintomas da doença é só procurar as unidades de Saúde de Palmeira dos Índios para a realização do exame e tratamento da doença. 


Mais sobre a doença

A doença pode apresentar principalmente 4 formas clínicas: indeterminada, borderline ou dimorfa, tuberculoide e virchowiana. Em termos terapêuticos, somente 2 tipos são considerados: paucibacilar (com poucos bacilos) e multibacilar (com muitos bacilos).


Sintomas da hanseníase

Manchas na pele de cor parda, esbranquiçadas ou eritematosas, às vezes pouco visíveis e com limites imprecisos;
Alteração da temperatura no local afetado pelas manchas;
Comprometimento dos nervos periféricos;
Dormência em algumas regiões do corpo causada pelo comprometimento da enervação. A perda da sensibilidade local pode levar a feridas e à perda dos dedos ou de outras partes do organismo;
Aparecimento de caroços ou inchaço nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos e cotovelos;
Alteração da musculatura esquelética, principalmente a das mãos, o que resulta nas chamadas “mãos de garra”;
Infiltrações e edemas na face que caracterizam a face leonina, característica da forma virchowiana da doença.

Tratamento da hanseníase

Ambos os tipos de hanseníase (paucibacilar e multibacilar) são tratados com o antibiótico rifampicina, durante 6 meses no tipo paucibacilar, e 1 ano no tipo multibacilar. A medicação é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde e administrada em doses vigiadas (o paicente precisa tomar na presença dos profissionais de saúde) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) sob a supervisão de médicos ou enfermeiros de acordo com normas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A rifampicina elimina 90% dos bacilos. Por isso, é necessário complementar o tratamento com outra droga (DDS), que pode ser tomada em casa diariamente, até o final do tratamento.

Nos casos multibacilares, esse tratamento é acrescido de uma dose diária e de outra vigiada de clofazimina.

Recomendações sobre hanseníase

Não desista do tratamento, que é longo, mas eficaz se não for interrompido. A primeira dose do medicamento é quase uma garantia de que a doença não será mais transmitida;
Convença os familiares e pessoas próximas ao doente a procurarem uma UBS para avaliação, quando for diagnosticado um caso de hanseníase na família;
A hanseníase é uma doença estigmatizante, mas que tem cura, desde que devidamente tratada;
Mulheres em idade reprodutiva devem se atentar ao fato de que a rifampicina (medicamento usado no tratamento) pode interagir com anticoncepcionais orais e reduzir sua eficácia.