Cosme Rogério

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Literatura histérica

29/01/2014 11h11
Literatura histérica

Meados da segunda década do século XXI. Ainda é difícil falar de orgasmo. Do gozo feminino, então... Em algumas sociedades e religiões, isso não é apenas tabu, mas praticamente um crime. Que o diga o Talibã!

Diante dessa realidade e pretendendo expor o contraste entre cultura e sexualidade, o conceituado fotógrafo estadunidense Clayton Cubbit concebeu o projeto chamado “Hysterical Literature” (Literatura Histérica), no qual ele filmou oito mulheres durante o prazer da leitura (literalmente) de clássicos diversos. Lançado em agosto de 2012, a série de vídeos alcançou enorme sucesso em todo o mundo.

Em suas “sessões histéricas” (referência aos tratamentos da “histeria” típicos do século XIX, nos quais os médicos “massageavam” as pacientes manualmente ou com o auxílio de instrumentos, até elas alcançarem o “alívio”), as leitoras foram estimuladas durante a gravação da atividade intelectual até atingirem o orgasmo.

“Há algum tempo eu ando interessado no conceito de controle e autenticidade em retratos, principalmente nesses tempos modernos de ‘personal branding’, autorretratos no Facebook e autodocumentação incessante no Instagram. O que sobra para o retratista revelar? Como podemos chegar a algo verdadeiramente real?”, questiona Cubbit. Daí a busca, em seus retratados, por esse “real não-dissimulado”. “São tentativas de ver algo que eles não estão tentando me mostrar”, acrescenta o fotógrafo.

Para Stoya, primeira convidada do projeto, “as partes mais importantes do sexo estão nas insinuações daquilo que não podemos ver”, exatamente como propõem os vídeos, já que só podemos conferir o resultado dos estímulos ocultos sob a mesa de leitura, isto é, o excitante gozo das leitoras.

Clique nos links abaixo para assistir aos vídeos. Ou, se preferir, leia um livro!

Sessão 1 – Stoya lendo “Necrophilie Variations”, de Supervert

Sessão 2 – Alicia lendo “Leaves of Grass”, de Walt Whitman

Sessão 3 – Danielle lendo “Still Life With Woodpecker”, de Tom Robbins

Sessão 4 – Stormy lendo “American Psycho”, de Bret Easton Ellis

Sessão 5 – Teresa lendo “Sexing the Cherry”, de Jeanette Winterson

Sessão 6 – Solé lendo “Beloved”, de Toni Morrison

Sessão 7 – Amanda lendo “A Clockwork Orange”, de Anthony Burgess

Sessão 8 – Margaret lendo “Sleeping Beauty”, de A. N. Roquelare
 

Sobre o blog

Licenciado em Filosofia (FACESTA), mestrando em Sociologia (PPGS-UFAL), foi coordenador administrativo de núcleo regional da Secretaria Executiva de Economia Solidária, Trabalho e Renda de Alagoas (SERT), secretário Municipal de Cultura, Turismo e Esporte de Palmeira dos Índios, diretor da Casa Museu Graciliano Ramos e conselheiro do Fórum Estadual de Turismo de Alagoas (FORETUR-AL). Lecionou na Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL - Campus III) e na Faculdade São Tomás de Aquino (FACESTA). Atualmente, é professor da rede pública de ensino do Estado de Alagoas, comunicador, ator e produtor cultural.

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