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Incentivo ao cultivo do fumo pode diminuir violência urbana no Agreste

18/05/2014 11h11
Incentivo ao cultivo do fumo pode diminuir violência urbana no Agreste

 

 
O presidente da Cooperativa Agropecuária e Industrial de Arapiraca (Capial) Francisco Souza Irmão, Chico da Capial, disse que o crescimento da violência, principalmente no Agreste é conseqüência a falta de uma política voltada para fixar o homem no campo. Esse fato tem gerado o êxodo rural para os centros urbanos. Chico da Capial aponta o fim do incentivo a cultura fumageira, no Agreste como um dos principais fatores.
Segundo ele 25 anos atrás 80% da população arapiraquense vivia na zona rural, em pequenas propriedades onde toda família trabalhava na roça ajudando no plantio do fumo. “Devido a falta de financiamento a cultura fumageira, os pequenos produtores faliram e venderam, ou arrendaram suas terras aos grandes latifundiários criadores de gado e foram morar na zona urbana”, disse ele.
Chico da Capial disse ainda que a falta de financiamento do fumo atingiu apenas o estado de Alagoas, porque no Paraná e na Bahia as linhas de créditos para quem deseja plantar fumo continuam. “Hoje os pequenos produtores que ainda insistem em plantar fumo estão nas mãos dos agiotas que cobram entre 5 e 10% de juros ao mês”, declarou ele.
“Arapiraca era a capital brasileira do fumo, uma cidade pujante, rica e sem problemas sociais como a miséria e violência”, disse ele. Hoje toda região metropolitana vive um explosão de assaltos e homicídios, conseqüência da falta de uma política de valorização do trabalho no campo.
“Antigamente os filhos dos agricultores participavam de todo processo de produção agrícola, trabalhando na roça de milho, feijão e fumo da família. Com a nova legislação trabalhista e intensa fiscalização do Ministério do Trabalho proibindo que os adolescentes ajudem aos pais na roça gerou uma legião de ociosos, já que não existem escolas em tempo integral em grande número para ocupar esses jovens, que terminam indo para as cidades e lá a maioria ingressa na marginalidade”, declarou o presidente da Capial.
Arapiraca era pujante com o fumo

O presidente da Capial, Francisco Souza Irmão relembra dos tempos áureos quando Arapiraca era a Capital Brasileira do Fumo. Segundo ele o município produzia cerca de 30 milhões de toneladas de fumo em folha e 30 milhões de toneladas em corda, que eram colhidos em 40 mil hectares plantados . “ Mais de 100 mil famílias da região Agreste estavam envolvidas diretamente com toda cadeia produtiva do fumo. Hoje não temos mais de mil famílias vivendo da cultura do fumo”, informou ele.
Cada hectares de fumo gerava 2,5 empregos e rendia R$ 5,30, disse ainda Chico da Capial, afirmando que não há atividade agrícola em Alagoas que seja tão rentável como o plantio de fumo.
“No setor comercial e de beneficiamento do fumo se gerava mais empregos e renda. Havia 14 grandes empresas atuando nestas áreas. Hoje são apenas 3”, lamenta ele.
Segundo ele a cultura do fumo injetava no Agreste de Alagoas uma renda aproximadamente de R$ 230 milhões, mantendo o homem no campo trabalhando e gerando riqueza, que era distribuída entre os pequenos produtores.
Financiamento
O presidente da Capial, Francisco Souza Irmão, disse que vem conversando com os senadores Fernando Collor (PTB) e Renan Calheiros (PMDB) para tentar viabilizar juntos aos bancos a volta da abertura de linhas de créditos para o plantio do fumo.
Segundo ele somente Alagoas foi alvo da campanha antitabagista, ao contrário dos estados da Bahia, Santa Catarina e Paraná que continuam plantando fumo em grande quantidade e financiado pelos bancos.
A primeira reunião com os senadores ocorreu semana passada em Brasília, onde o representante dos produtores de fumo levou a reivindicação para abertura de crédito especial.
 

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