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Futebol: o sonho, a ilusão e a realidade não vista por todos

30/10/2014 11h11

A Paixão nacional, ou podemos dizer mundial, que garotos de toda parte sonham com esse universo astronômico de dinheiro, fama e poder. A ambição por uma vida melhor para seus familiares, a ganancia pelas conquistas de belas mulheres e a ostentação de roupas caras, carros e cliques das primeiras páginas de revistas e jornais.

Estou falando do futebol, um mundo do qual faço parte e vivencio desde os 5 anos de idade. Ah quantas lutas, tantas dificuldades, decepções, frustrações, barreiras, mas também muitas conquistas, alegrias e momentos que ficarão marcados para sempre.

O que se vê nos dias de hoje e o que sempre está em foco, são aqueles jogadores bem sucedidos, aqueles que atingiram o ápice, o ponto mais alto onde se pode chegar na profissão, atletas de seleções nacionais, de grandes equipes, com salários absurdos, que estão na mídia a todo instante com cada passo de suas vidas. Essa realidade que os veículos midiáticos nos mostram, que desperta sonhos e desejos em crianças e adolescentes de todo o mundo em busca de um futuro prospero. Mas não é só essa realidade que ao longo dos meus 24 anos de bola pude enxergar, comecei a jogar muito cedo e passei por várias situações, umas agradáveis e outras nem tanto. Passei por grandes equipes com ótimas estruturas e outras com condições mínimas de trabalho, desde categorias de base até me tornar um jogador profissional.

As pessoas associam a imagem de um jogador de futebol como uma pessoa rica, cheia de dinheiro, que irá chegar com um carrão, bem vestido e uma mulher na qual a sociedade intitula “Mulherão”. Mas essa não é a verdadeira realidade do nosso futebol, ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos jogadores não ganham um salário gordo, e ainda vou mais à fundo, segundo dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os mais de 30.000 atletas registrados na entidade, 82% recebem até 2 salários mínimos, cerca de 2% recebem cerca de R$ 12.000,00 (doze mil reais), dentre essa porcentagem tem ainda aqueles jogadores que jogam de graça, para estar em atividade e manter a forma, e então os chamados atletas de alto nível que recebem salários exorbitantes acima da média, que são a minoria.

Vou lhes contar agora um caso que ocorreu comigo e poderão começar a entender que o futebol não é apenas um mar de rosas. Em 2012, eu estava em casa, sem clube, desempregado, quando um determinado empresário me procurou para me mostrar um projeto e me fazer uma proposta. O mesmo se dizia representante de um clube europeu, especificamente de Portugal aqui no Brasil, tudo parecia ótimo, as condições de trabalho, clausulas de contrato, a ideia e a projeção que tinha proposto pra mim, um salário razoável, então aceitei o desafio. Assinei o contrato aqui mesmo no Brasil, com meu salário sendo pago por sua empresa, moradia para mim e minha esposa, alimentação, passagens aéreas de ida e volta, tudo como manda o figurino, já que o clube passara por uma crise financeira, necessitava de atletas, porém não tinham dinheiro. Embarquei primeiro para me apresentar no clube, fazer exames e testes físicos, posteriormente, já instalado, minha esposa iria com nossas coisas. Chegando lá, fui recepcionado por um representante português de sua empresa, uma pessoa distinta, muito educado, me levou para um apartamento onde já haviam 2 jogadores. Até ai tudo normal já que acabara de chegar e precisava me instalar e me adaptar.

Fui para meu primeiro treino e me perguntaram qual a posição que eu jogava. Começaram