Não o conheço pessoalmente, porém já o admiro. Mesmo sem intimidade posto no título deste artigo o apelido como ele ficou conhecido: do Valle, que faz parte do seu sobrenome.

A entrevista do tenente-coronel Walter do Valle de Melo Júnior, o coronel Do Valle, ao radialista Clevânio Henrique e ao apresentador e radialista Jairo Campos, do programa Canal 96, na Radio 96 FM, da quarta-feira, 11 de fevereiro, foi excepcional, explosiva e contagiante.

Excepcional no sentido de o tenente-coronel do 3º Batalhão de Polícia Militar (3ºBPM), situado em Arapiraca e que atende a 15 município da Região Agreste de Alagoas com um total de 471.350 habitantes em uma cobertura de 6.604 km², revelar com sinceridade sua opinião sobre a realidade brasileira de como autoridades políticas, judiciárias e institucionais veem e seguem a linha da violência no País.

Do Valle foi excepcional também por revelar com sinceridade sua defesa à reforma política e criticar a legislação arcaica submetida às leis dos séculos 19 e 20 e que não correspondem à realidade a qual vivemos.

Assim como criticou a atuação dos Direitos Humanos que defende menores infratores e praticam a mais cruel das violências ao submeter suas vítimas à humilhação e a crueldade.

O tenente-coronel fala de forma direta, sem rodeios para ser entendido de primeira por quem o escuta. Disse sem citar nomes de políticos ou autoridades judiciárias que no Brasil deveria ter prisão perpétua para bandidos e homicidas, defendendo o cidadão de bem, pai de família ou não.

Ao ouvi-lo, veio-me à mente o posicionamento do líder efetivo. Àquela figura defendida nos princípios da liderança e da administração. O líder efetivo seguido pelos ensinamentos de Jesus Cristo e mostrado nos livros “Jesus, o maior líder que já existiu”, da americana Laurie Beth Jones e “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”, do também americano Mark Beker.

Faço essa comparação pelo fato de o coronel Do Valle agir junto à sua tropa e não apenas ficar no comando. Pelo menos foi o que ele demonstrou à frente do 3º BPM aqui em Arapiraca.

Mas, o líder efetivo quando verdadeiramente honesto e só será efetivo se assim o for, acumula falsos amigos e conquistas verdadeiros inimigos. Como diz em seu texto “Mesmo Assim”, Madre Tereza de Calcutá. É o que deve acumula Do Valle ao longo de sua vida.

Sua voz tem o tom sincero e ‘original’ como dizia o inesquecível cantor pernambucano Reginaldo Rossi ao mencionar a originalidade de alguém. Referência que se atribui a humildade de uma pessoa.

O líder efetivo não conhece o atributo do “puxa-saco”, que segundo o especialista de gestão avançada de pessoas, Adolfo Plínio Pereira, autor do livro “Liderança Avançada e de Resultados”, afirma que “o puxa-saco é um individualista por excelência e o líder que dá valor ao puxa-saco é um líder incompetente”.

Do Valle parece ser de família simples e deve ter conquistado suas vitórias e o cargo que ocupa hoje por ter subido degrau por degrau sem precisar pisar por cima de ninguém. É o que aparenta ser.

Minhã mãe, que admiro e amo, ouviu a entrevista e sorriu muito. Achou o tenente-coronel valente, corajoso e simples até demais. Ela disse: “ele parece ser de família pobre”. Pobre no sentido nordestino de ser simples e de pouco dinheiro. Mas, venceu na vida.

O que hoje se lamenta é que a população arapiraquense e do Agreste alagoano há tempos não via uma figura tão emblemática assim à frente do comando da Polícia Militar por estas terras áridas de marginalidade e carente de policiais combatentes e que honram o cidadão comum em defesa de uma segurança pública transparente. No papel social que ela deve ser.

Por outro lado, Do Valle incomodou muita gente por aqui. Principalmente os marginais que dominam bairros populosos e carentes de Arapiraca. Como também deve incomodar a muitos que vivem ao seu redor.

É uma pena que ele já esteja prestes a se aposentar ou a mudar de lugar. Mudar de um posto em que fica à frente de um comando para um posto em que será comandado, na longa burocracia da vida pública.

O importante é que ele deixou sua lição e diminuiu os índices de homicídios e da violência em nossa terra de uma estrela radiosa.

Do Valle: o coronel que incomoda.