Com o objetivo de buscar, por meio da musculação, a melhor formação física, o Fisiculturismo vem crescendo entre os homens brasileiros, principalmente depois de ter sido promovido, no mês passado, a Esporte Olímpico.

Se em Arapiraca, no interior de Alagoas, a quantidade de homens adeptos à modalidade já é pequena, quando se fala em mulheres esse número se resume a 1, pelo menos apenas uma leva a musculação como esporte de verdade.

Karla Tavares, de 21 anos, é estudante do 4º período de Educação Física pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), há quatro anos, mas há cerca de um ano e meio começou a levar o fisiculturismo mais a sério, tendo participado inclusive de competições nacionais. Na última, realizada em janeiro deste ano em Sergipe, a arapiraquense ficou entre o top 5 feminino.

A equipe de reportagem do Portal 7 Segundos, através do blog 'Cadê Meu Tanque', acompanhou um dia da rotina de malhação da atleta e já deixa claro: Karla puxa mais peso do que 90% dos seus companheiros de academia.

Tudo começa às 6h da manhã, quando Karla acorda e já inicia a preparação das suas marmitas. Logo em seguida ela vai, de bicicleta, para a academia, onde dá início ao seu treino, que dura aproximadamente uma hora e meia.

"Eu mesmo preparo as minhas refeições, pois se eu deixar minha mãe tocar na minha comida, ela enche de gordura e sódio", falou a marmiteira.

No final da tarde, ela segue para o trabalho, que não poderia ser diferente: numa loja de Suplementos, a Energy Nutrition, localizada no Arapiraca Garden Shopping.

Competições

Karla contou para o blog que o esporte começou logo cedo na sua vida. "Meu pai foi jogador de futebol e sempre gostei de futsal. Jogava muito quando era mais nova, mas depois da musculação fiquei mais pesada e acabei deixando a bola um pouco de lado", disse a atleta.

A simples rotina de musculação se tornou esporte para Karla depois que um amigo a convidou para começar a incentivar seus treinos.

"Um amigo percebeu meu desenvolvimento e me fez um convite para participar de competições. Foi a partir daí que eu comecei a incentivar meus treinos e seguir uma dieta equilibrada", comentou.

Machismo

Ser mulher e estar neste meio é muito inesperado e ela precisa conviver todos os dias com as críticas e com os preconceitos.

"Já recebi muitas propostas indecentes, sem contar na quantidade de absurdo que as pessoas comentam nas minhas postagens do facebook. É constante me mandarem parar de malhar porque acham que eu estou passando dos limites e parecendo um homem", relatou.

A primeira dificuldade foi dentro de sua própria casa.

"Quando eu competi pela primeira vez, meu pai passou uma semana sem falar comigo. Até quando eu cheguei em casa com o título. Daí ele veio, conversou comigo e pediu desculpas", contou.

Próximos passos

Karla, que é patrocinada pela Energy Nutrition, Academia A 10 e Salão Telma Cabeleireira, tem se preparado para as próximas competições e, a partir de agora, pretende se filiar a International Federation of Bodybuilding (IFBB), uma das maiores ligas de fisiculturismo do mundo.