Bastidores
Profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus denunciam escassez de EPIs em Arapiraca
Município recebeu R$ 9 milhões para combater a doença, mas mesmo assim profissionais só podem usar uma única máscara por dia

A prefeitura de Arapiraca não esclareceu, até o momento, como está utilizando os quase R$ 9 milhões recebidos do Ministério da Saúde para conter o avanço do coronavírus. Mesmo com esse volume de recurso em caixa, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) - máscaras de proteção, luvas descartáveis e álcool em gel - são limitados e tem o fornecimento rigorosamente controlados para os profissionais que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Pessoal do apoio administrativo, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem e agentes de saúde recebem apenas uma única máscara cirúrgica por dia de trabalho, apesar de as recomendações sanitárias serem de que devem ser substituídas a cada duas horas.
“A gente recebe apenas uma máscara por dia de trabalho e ainda é obrigada a assinar uma planilha dizendo que recebeu aquela máscara. Se a gente passasse o dia inteiro usando a mesma máscara, o risco de contaminação seria ainda maior do que não usar máscara nenhuma. Fiquei tão revoltada esses dias que me recusei a assinar a planilha e, por isso não recebi a máscara. Não dá para aceitar calada essa falta de responsabilidade da prefeitura com a gente”, afirmou uma profissional da saúde que trabalha em uma UBS na zona urbana de Arapiraca.
Segundo ela, além da quantidade limitada de máscaras, a distribuição diária de álcool em gel para os funcionários da unidade também é insuficiente para manter a higiene durante o expediente de trabalho e, por conta disso, a maioria dos trabalhadores compra, do próprio bolso, máscaras de proteção e álcool em gel. A profissional afirma que na maioria das vezes os funcionários passam o dia usando máscaras de pano, que além de não serem consideradas adequadas para profissionais de saúde, também precisam ser substituídas a cada duas horas. Os trabalhadores que recebem máscaras que possuem filtro de partículas - que as sociedades médicas admitem o uso contínuo por até 15 dias - só irão receber uma nova máscara após 30 dias.
“É um absurdo o que estão fazendo com a gente, com tanto dinheiro que o município vem recebendo para utilizar exclusivamente no combate a essa doença. Foi justamente depois de receber essa verba federal que o município passou a obrigar a assinatura da planilha para poder liberar o EPI. Nossas assinaturas devem servir para eles justificarem a utilização do recurso”, ressaltou.
As UBS, apesar de não serem consideradas a “porta de entrada” para o atendimento de casos suspeitos de covid-19 em Arapiraca são em muitos casos o primeiro local onde as pessoas vão buscar atendimento quando passam a apresentar os sintomas. Por conta disso, o município suspendeu os atendimentos eletivos das unidades e esses profissionais acabam tendo contato direto com pessoas que estão com suspeita da doença.
As reclamações dos sindicatos que representam os profissionais de saúde que trabalham nas UBS chamaram a atenção do Ministério Público Estadual, que instaurou uma notícia crime e solicitou à prefeitura de Arapiraca informações sobre o fornecimento de EPIs nas unidades de saúde do município. O prazo para o município encaminhar a resposta termina hoje.
Veja também
Sobre o blog
Blog focado em política.
Arquivos
Últimas notícias

Julgamento de motorista que dirigiu bêbado e matou uma pessoa em Pilar será nesta quarta-feira

STF valida delação de Mauro Cid; julgamento será retomado nesta quarta (26)

Primeira remessa com 80 mil doses de vacina contra a Influenza chega em Alagoas

Paulo Dantas lança Planta Alagoas 2025 com meta de distribuir 650 toneladas de sementes

Prefeitura lança edital de convocação para novos membros do Clube Eclipse de Astronomia e Ciências Afins
