Blog do André Avlis

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Atletas olímpicos batendo continência; por que e para quê?

Nas Olimpíadas de Tóquio, até o momento, seis militares das Forças Armadas ganharam medalhas. Dos 302 atletas da delegação do Brasil, 92 são militares; da Marinha, Aeronáutica e Exército

06/08/2021 07h07 - Atualizado em 06/08/2021 09h09
Atletas olímpicos batendo continência; por que e para quê?

Um assunto que sempre vem à tona no período olímpico. Especialmente quando vemos a bandeira do Brasil no pódio.

Não é de agora que acompanhamos alguns atletas sobretudo olímpicos "batendo" continência ao receber a tão sonhada e esperada medalha. Mas por quê? Para quê?

Antes de tudo é necessário saber e entender que esses atletas - e também militares - fazem parte do PAAR (Programa de Alto Rendimento) do Ministério da Defesa, criado em 2008. Ou seja, não é de agora.

O programa destina recursos e oferece infraestrutura para os atletas. Dentro dele, os atletas têm acesso à toda estrutura necessária para treinamento, dentro de organizações militares. Também recebem os benefícios da carreira militar, que incluem salário, assistência médica, nutricionista e fisioterapeuta.

Em Tóquio, até o momento, seis atletas militares já conquistaram medalhas: Alison dos Santos (bronze no atletismo), Fernando Scheffer (natação), Daniel Cargnin (bronze no judô), Abner Teixeira (bronze no boxe), Kahena Kunze (ouro na vela) e Ana Marcela Cunha (ouro na maratona aquática).

O número vai aumentar com Bia Ferreira, primeira mulher a disputar uma final do boxe pelo Brasil. Uma vez que pelo menos a prata está garantida.

Dito isto, voltemos a pauta principal: Por que e para quê bater continência no pódio?


Estamos vivenciando um período de puro e exacerbado extremismo. Em todos os aspectos. Até nos mais ilógicos ou banais - como este. De um lado, distorção; do outro, deturpação.

Bater continência é e sempre foi - em toda a história - uma forma de cumprimento que demonstra respeito. Respeito com o próximo, pela profissão, pelo código. A essência sempre foi essa.

No entanto, um simples gesto ganhou significados diferentes na cabeça de quem entende - ou desvirtua - como bem quer. Ou é induzido como bem deixa.

É um sinal que não tem nada a ver com saudação ou reverência exclusiva a alguém. Sendo esse alguém quem for, inclusive político-militar. E por outro lado, também não é veneração, adoração ou homenagem ao próprio. Ou seja, não existe lado partidário na questão.

Então, não há nada de errado bater continência no pódio. Como não há nada de errado ter um ato político - não partidário - legítimo, em prol de causas humanitárias e que precisam ser ouvidas. Ser militante ou militar só vai de encontro a princípios quando se milita de forma torta, estúpida, inepta e condenável.

Portanto, o que precisamos entender sobre estes atletas é que a continência "batida" é uma forma, também, de agradecimento. Pois se não fosse o apoio e o programa, mesmo com todas as dificuldades, das Forças Armadas, eles não estariam no pódio. Justamente por serem de um país que não investe, não incentiva e não apoia o esporte. 

Apenas isso.

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