Bastidores
Precatórios do Fundef levam a bate-boca entre Marx e Marcelo Beltrão; prefeito é chamado de caloteiro
Discussão entre os primos ocorre por meio do rádio e das redes sociais
O clima vai ficando cada vez mais tenso na família Beltrão – e o motivo, claro, é a proximidade das eleições de 2022, que irá novamente opor os dois lados divergentes. Desde a morte do patriarca João Beltrão, há dois anos, o núcleo familiar se dividiu, e assim disputou as eleições municipais em Coruripe, com vitória de Marcelo e derrota de Marx.
O mais novo motivo de bate-boca entre os primos é a destinação dos precatórios do Fundef, recursos que estão retidos em várias prefeituras, à espera de segurança jurídica para serem distribuídos a quem tem direito, os profissionais do magistério. Tudo começou no início da semana passada, quando Marx criticou, no plenário da Câmara em Brasília, a demora de Marcelo em pagar os recursos.
O prefeito coruripense respondeu ao deputado, durante uma entrevista a um programa de rádio local, no último sábado (11). Marcelo mostrou-se incomodado com a citação nominal de seu nome no plenário da câmara, e respondeu aos ataques do deputado, chamando Marx de ‘caroneiro’. “Ele fica nominalmente me cobrando um pagamento do Fundef, tentando absorver um movimento que foi feito na época pelo deputado JHC, o grande deputado que levantou essa bandeira, que hoje é deputado e não conseguiu pagar ainda”, disse.
Marcelo foi além, e ao reforçar que os recursos estão garantidos aos professores na conta do município, acusou a irmã de Marx, a ex-secretária de educação Jeannyne Beltrão, de ter sido condenada por uso indevido dos recursos de Fundef, a devolver R$ 15 milhões aos cofres públicos.
“Tenho compromisso com a categoria. Tiro o extrato da conta a hora que quiserem. Não sei porque ele não cobrou o que foi gasto [da gestão anterior] mais de 60% dos precatórios. Que ele explique a população que existe um acórdão vedando esse repasse. Houve uma decisão sobre uma ex-secretária, irmã dele, na gestão dele, que foi submetida a devolver 15 milhões de reais. Ele ajudando e chegando na conta da prefeitura a gente repassa”, afirmou o prefeito.
Marx voltou à carga nesta quarta-feira (15), ao compartilhar um vídeo pelo whatsapp, subindo o tom contra Marcelo. “Me dirijo ao prefeito de Coruripe, que usou as rádios para me atacar e tentar confundir a cabeça do povo de Coruripe, especialmente os professores. A lei que permite o pagamento dos precatórios do Fundef já estava vigente desde maio deste ano”, afirmou, rebatendo o prefeito.
O deputado disse ainda que Marcelo é investigado pelo MPF, por mau uso de recursos do fundo quando foi secretário de educação de Jequiá da Praia. “Chega de lero prefeito. Inclusive você terá que pagar os precatórios dos professores de Jequiá, que você usou de forma indevida nos seus últimos dias de mandato. Tem uma denúncia ajuizada no Ministério Público Federal, e o senhor irá responder por isso na justiça. O calote que ele deu nos professores de Jequiá, não dará nos professores de Coruripe”, disse no vídeo.
A temperatura do debate entre os primos deve continuar alta pelo menos até as eleições de 2022, já que Marcelo pretende emplacar o ex-prefeito de Penedo e seu irmão, Marcius Beltrão, como deputado federal – enquanto Marx, mesmo tendo perdido algumas prefeituras de seu grupo, vai tentar a reeleição para a câmara federal.
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