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Discurso no Hospital de Amor mostra um Rodrigo Cunha afiado, emotivo e político

Senador afia o discurso para uma disputa cada vez mais próxima ao governo do estado

17/12/2021 07h07
Discurso no Hospital de Amor mostra um Rodrigo Cunha afiado, emotivo e político

Quem foi a solenidade de inauguração do Hospital de Amor nesta quinta-feira (16) em Arapiraca, viu um Rodrigo Cunha pouco comum para a maior parte do público. Por um momento, Cunha despiu-se da capa de senador da república e se dispôs, sem rodeios, a tratar de assuntos pessoais, familiares e até mesmo alfinetar outro evento político que acontecia naquele mesmo momento.

O senador, que andou por um bom tempo às turras com Tereza Nelma por divergências partidárias, nesta quinta estendeu a mão à deputada, elogiou seu trabalho para a vinda do hospital, sua luta contra o câncer, assumiu divergências e abriu a porta para uma reconciliação.

“Momentos políticos acabam separando as pessoas. Eu não guardo resquícios, acredito que ela também não. Momentos como esse fazem a gente relevar nosso pensamento, elevar quem nós somos… A gente teve desencontros, e o destino vai dizer o que vai ser”, disse Cunha sobre Nelma, sendo ouvido atentamente por ela.


Aos que dizem que o senador falha no trato com prefeitos e outras autoridades, Rodrigo fez questão de saudar seus aliados políticos – ali estavam o prefeito da capital JHC, prefeitos de Mata Grande, Pão de Açúcar, Feira Grande, Coité do Nóia e até do Pilar – Renatinho Filho é um conhecido aliado do governador Renan Filho, atual adversário do senador.

Por falar em Renan Filho, o discurso afiado de Rodrigo alfinetou até mesmo o governador, mesmo que sem citá-lo diretamente. ”Se a gente se unisse, não haveria um outro evento na mesma hora para fazer com que aqui fosse um fracasso. Isso é politica pequena. Eles olham para os políticos, a gente olha para as pessoas”, disse em referência à inauguração de uma UPA pelo governo do estado, em outro ponto da cidade.

Mas o verdadeiro tom que Rodrigo deixou externar na manhã desta quinta foi o da emoção. Ao falar de sua família, de sua mãe Ceci Cunha, ao chamar sua irmã para ficar ao seu lado, ao demonstrar amor publicamente à sua filha e sua namorada, que estavam no local. Como dissemos no começo desse texto, um Rodrigo que pouco se vê, por decisão do próprio senador em se manter firme e zeloso com sua vida pessoal.

“Em 16 de dezembro de 1998, eu estava chorando a perda da minha mãe e do meu pai. Hoje é uma forma de fazer com que Arapiraca fique marcada, não de maneira negativa. Ceci é mais do que um nome de rua ou de escola, Ceci é amor”, disse Cunha.

Já com a voz embargada, abraçado a irmã, abriu um pouco mais seu coração. “Eu tive uma decisão difícil, que foi ser candidato. Por tudo que passei, minha irmã disse ‘não vá, é muito perigoso’. Mas eu tenho uma missão. Lutamos por justiça durante 13 anos, mudamos legislações para conseguir uma condenação de alguém a mais de 100 anos, solto com pouco mais de 10. Isso mexe com a gente, mas também é o melhor combustível”, afirmou, sendo bastante aplaudido neste momento.

No final, Cunha deixou um recado bem claro de que estará na disputa das eleições de 2022, mais uma vez cutucando Renan Filho e suas redes sociais. “Sou jovem e cheio de garra. Ganhei um experiencia incrível nesses dois anos. Não me preocupo em fazer fotos no Facebook, mas em chegar firme e dizer a todos vocês que eu sei onde estou pisando, e sei os caminhos que a gente pode marchar juntos. O sentimento é de amor, e de certeza que fizemos e faremos muito mais”, finalizou, sendo aplaudido efusivamente pela plateia.

O senador está afiado. Parece ter treinado muito e escolhido bem este momento para passar o recado que tinha em mente. Agradou aos aliados que ali estavam, e parece que finalmente está vestindo a armadura para a batalha de 2022.

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