Blog do André Avlis

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A "Copa da Morte": cerca de 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram desde que o Catar virou sede

Reportagem do jornal britânico The Guardian revela números alarmantes de mortes

17/01/2022 09h09 - Atualizado em 17/01/2022 10h10
A 'Copa da Morte': cerca de 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram desde que o Catar virou sede

O que era para se festa, se tornou martírio.

A Copa do Mundo de 2022 será realizada no Catar entre os dias 21 e 18 de dezembro. Será a vigésima segunda edição do torneio. E a primeira vez que a competição será realizada neste período.

Catar é considerado o país mais rico do mundo em relação ao PIB, que é o produto interno bruto dividido pelo número de habitantes. Segundo o Fundo Monetário Internacional, o PIB do país foi de 116 bilhões de dólares e o PIB per capita de 124 mil dólares.

Talvez isso explique muita coisa.

O jornal britânico, The Sunday Times em reportagem de 2019, afirmou que o Catar pagou US$ 880 milhões (R$ 3,4 bilhões) para ser país sede da Copa do Mundo 2022. Segundo a denúncia, propina fazia parte de um acordo firmado em 2010.

Mas por quê "Copa do Mundo da Morte"?

De acordo com outro jornal britânico, o The Guardian, pelo menos 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram no Catar desde o início das obras para sediar a competição.

A reportagem aponta que as pessoas eram oriundas do Paquistão, Índia, Nepal, Sri Lanka e Bangladesh. E que cerca de 2 milhões de pessoas se mudaram para o país em de oportunidades de trabalho após o anúncio dos catares como anfitriões da próxima copa.

Ainda de acordo com o jornal, mesmo assustadores, os números podem ser maiores devido à subnotificação que já ocorrem há uma década. 

As maiores causas das mortes, ainda segundo a reportagem, se dão pelo calor excessivo, "causas naturais" - geralmente insuficiência respiratória e cardíaca -, quedas de grandes alturas e até mesmo suicídios. As mortes dos imigrantes geralmente é sem uma autópsia.

Entre outros fatores, estão as péssimas condições de trabalho e as quase inertes leis trabalhistas do país.

Um cenário cheio de absurdos e obscuridade. Interesses que predominam o capital e desprezam a humanidade. Cruel contexto que mostra o que se tornou algo que tem sinônimo de festa - pelo dinheiro tudo.

Conjuntura cheia de negligência, desleixo e omissão. Além do silêncio ensurdecedor de quem deveria falar e explicar as várias barbaridades descobertas até aqui. Infelizmente.

Triste. Melancólico. Perturbador.

A Copa do Mundo não deveria ser isso. Pois foge de tudo aquilo que ela representa. Iminentemente. Lamentavelmente.

A bola. Um troféu. Uma mancha. De sangue. Da morte.

 

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