Blog do André Avlis
O Catar não merece a Copa do Mundo
Trabalho análogo à escravidão, violação dos direitos humanos, morte de trabalhadores imigrantes, censura à imprensa, cerceamento de direitos de mulheres e da população LGBTQI+ são algumas das denúncias contra o país sede
A maior festa futebolística acontecerá no lugar errado.
Como milhares de pessoas do planeta, eu amo a Copa do Mundo. Difícil achar quem não goste da atmosfera que ela promove. Aprendi e entendi que sua representatividade vai além da bola.
É, de fato, um evento universal. Onde existe a confraternização e comunhão entre países, povos, crenças, etnias, culturas e gêneros. A materialização da pluralidade através do futebol.
Anunciado como país sede em 2010, em meio a controvérsias e objeções, o Catar foi escolhido para receber o torneio em 2022. Um país de monarquia absoluta, de cultura islâmica, genuinamente conservador e autoritarista.
Algumas das leis e normas ilustram alguns destes fatores.
Existe opressão contra mulheres e poucos direitos; homossexualidade é ilegal segundo a Lei Islâmica (o que pode levar a a prisão de até três anos); restrições sobre roupas e o consumo de bebida alcóolica.
Durante os preparativos para a Copa, várias denúncias contra o país foram feitas e formalizadas.
Em 2021, o jornal britânico "The Guardian", segundo investigação, mais de 6.500 trabalhadores migrantes morreram desde o início das obras. Segundo o diário, os números podem ser ainda mais alarmantes devido a subnotificação.
No mesmo ano, a mexicana Paola Shietekat, foi condenada a seta anos de prisão e 100 chibatadas após ter denunciar ter sido vítima de estupro. Segundo a Lei Sharia, o sistema jurídico do Islã, as vítimas de violência sexual podem ser processadas por adultério.
Além disso, atualmente, existem queixas de violação dos direitos humanos, trabalho análogo à escravidão e discriminação contra pessoas LGBTQI+.
Às vésperas do início do Mundial, o Embaixador do Catar da Copa, Khalid Salman, em entrevista, declarou que a "homossexualidade é um dano mental". Joseph Blatter, declarou que escolher o Catar foi um "erro" - mas não citou o básico que foi ignorado: a Comissão de Inspeção de Candidaturas para a Copa do Mundo disse de forma clara e técnica que a Austrália era melhor opção de sede para 2022.
Inclusive, uma reportagem do jornal inglês "The Sunday Times" afirmou que o país pagou US$ 5 milhões (cerca de R$ 25,7 milhões) em propina para receber o evento.
Foi claro e explícito o jogo de interesses 'cifrais' para a votação e escolha do Catar para sediar o Mundial.
A Copa do Mundo será realizada em um país arbitrário. Contrapondo o que representa a essência da própria competição. Tudo isso a favor de benefícios econômicos de quem gere o futebol. Como de praxe. De quem transparece não dar relevância ao lado social e humano.
A festa vai acontecer. É irreversível. Mas no lugar errado. Um erro cometido.
Por isso o Catar não merece a Copa.