Blog do André Avlis
Um passo em falso, uma falha e um preço alto a se pagar
Após desclassificação, Tite confirmou que deixará o cargo de técnico da seleção
O melancólico fim de um ciclo.
Fui dormir pensando nos vários "se" que poderiam virar ações. Estou acordado desde pouco mais das 5h. Já levei minha bebê para tomar banho de sol, caminhei com ela pela área e agora estou tentando escrever uma crônica. No momento com a cabeça mais fria. Se é que já é possível.
A busca por explicações vai durar um bom tempo até a cicatriz de uma eliminação tão doída, talvez, fechar.
São mistos de sentimentos que implicam em tentar entender. Raiva, por ter o resultado na mão e deixar escapar pelos dedos como se aquele golaço de Neymar se dissolvesse e virasse nada. Tristeza, pelo lado passional que tem o mesmo sonho daqueles que estavam em campo.
Tite poderia ter deixado Vini Jr um pouco mais em campo. Ou quem sabe tentar uma alternativa em que houvesse a inversão dos pontas para gerar profundidade e não mais a jogada previsível do 'pé trocado'. Saindo um pouco do encaixe da marcação.
O Brasil também poderia ter começado o jogo com mais intensidade e agressividade. Igualando a competitividade do incansável e organizado time croata. Até porque quando se iguala tal aspecto, a técnica e o individualismo dão às caras.
Também não poderia perder o meio-campo contra adversários que se acham nesse tipo de jogo. Controlando, trocando passes e tendo a maestria de Modric que desfilava sua exacerbada qualidade. Embora seja um time quase inerte na agressividade ofensiva.
A oscilação de comportamento não deveria existir. Como não se pode dar margem para erro e mais uma vez ser refém de detalhes.
Foi mais um dia daqueles que parecem noite - e até era lá no Catar. Como não foi o dia de vários jogadores importantes que individualmente não foram aquilo que costumam ser. E isso pesa na balança coletiva.
Mesmo que o time tenha se achado e encontrado meios de chegar ao gol do quase intransponível Livakovic. E chegou. Foram 11 finalizações a meta contra uma da Croácia. Essa uma...
Difícil entender o que levou o time a oferecer o que a equipe croata tanto queria. Uma ação errada, uma bola não recuperada, a desorganização do sistema defensivo, UM chute, o desvio e o gol.
No pênaltis, as várias suposições. Falam de Rodrygo ser jovem demais - mesmo pedindo para bater e sendo cobrador -, depois que Neymar deveria iniciar as cobranças ou batido no lugar de Marquinhos (concordo nessa) para o Brasil ganhar sobrevida.
Serão vários "SE".
Quando a derrota vem a ação mais fácil é apontar culpados e procurar "cristos" para crucificar. Não costumo e não gosto de fazer isso. Até porque é muito mais descomplicado tentar achar soluções na sala de casa ou sentado na mesa de um bar. No conforto de quem tem ideias mirabolantes que fazem o ato jogar bola se tornar a coisa mais simples do mundo.
Um conjunto de fatores culminou na eliminação. Decisões equivocadas do técnico e do time em si. Por uma bola. É triste. Mas assim é a Copa do Mundo. Ela não te dá margem para erros. Que mais uma vez aconteceram.
Um passo em falso, uma falha e um preço alto a se pagar.