Bastidores
Arthur Lira acha que foi traído pelo PT, que pode lançar outro candidato para presidência da Câmara
Segundo a Folha de São Paulo, presidente da câmara ligou para parlamentares petistas
A relação entre o alagoano Arthur Lira e o futuro governo Lula pode não estar tão doce quanto a mostrada pela TV. Ainda mais após o episódio de domingo, quando o ministro Gilmar Mendes decidiu, de forma monocrática, que o Bolsa Família pretendido por Lula e negociado por Lira pode ser executado sem a necessidade de uma PEC.
A decisão do Supremo, embora pública, não era de conhecimento de Lira, e o pegou de surpresa. Segundo a Folha de São Paulo, na mesma noite de domingo, Arthur disparou várias ligações para deputados do PT. Queria saber se o governo petista já sabia sobre a petição que foi feita pela Rede Sustentabilidade.
O presidente da Câmara desconfia que o governo já tramava pelas suas costas este caminho alternativo desde o começo. Lira acha que foi traído pelo governo.
O fato é que, com seus poderes diminuídos no parlamento, Arthur já começa a ter ameaçada sua reeleição na Câmara. Um grupo de deputados pode tirar da gaveta uma ideia que estava adormecida: encontrar um nome de consenso que possa derrotá-lo em fevereiro do ano que vem.
Boa parte da bancada petista na Câmara, segundo a Folha, embarcaria neste projeto. Parlamentares ligados a Renan Calheiros, como o deputado alagoano Paulão (PT), chegaram a defender publicamente a constituição de uma base parlamentar que isolasse o PP de Lira e o PL de Bolsonaro.
Ainda segundo o jornal, Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL) e Luciano Bivar (União) seriam os nomes que estariam articulando o contra-ataque a Arthur. O União Brasil, partido de Bivar, tem 59 parlamentares. Somados aos 80 da Federação integrada pelo PT, mais os da federação Rede+PSOL, esse número chega a 153 deputados. PP e PL teriam juntos 146 parlamentares.
Vale lembrar que este movimento não tem o aval de Lula, que mesmo após a decisão do STF escanteando Lira, continua negociando com ele via PEC o pagamento do Bolsa Família.
O fato, porém, é que esta eleição na Câmara ainda tem bastante lenha para queimar até fevereiro.
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