Bastidores
Com indicações travadas, Arthur Lira “freia” projetos polêmicos de Lula no congresso
Deputado disse que autonomia do Banco Central é “conquista” do Brasil
Ainda sem cargos ou funções oficiais dentro do governo Lula, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) deu um “freio de arrumação” em algumas propostas que são de interesse do PT neste momento. Em evento com executivos do setor bancário na semana passada, Lira disse que “não há interesse” em mexer em pontos-chave para Lula num futuro próximo.
O presidente da câmara foi questionado pelos banqueiros se o congresso nacional pode rever a autonomia do Banco Central, um ponto caro para o presidente Lula, que vem fazendo seguidas críticas à manutenção dos juros altos pela instituição. “Esse tema foi um avanço, uma conquista nos últimos anos, o Brasil caminha na direção do que o mundo pensa. Agora, ninguém está acima de qualquer crítica. São duas pessoas que vão dialogar [Lula e Campos Neto]”, disse.
Já em relação à nova âncora fiscal do país, que deverá substituir o teto de gastos, Lira disse que vai procurar na Câmara um “meio-termo” entre o que pretende Lula e o mercado. “O governo deve apresentar um texto equilibrado, que trate da responsabilidade fiscal, sem esquecer a justiça social, um texto moderado. Antes de falar do que pode desmanchar, vamos falar do que vamos construir”, afirmou.
As posições divergentes de Lira em relação a Lula indicam, neste momento, dois aspectos importantes: primeiro, ele não gostaria de aparecer para o eleitorado como a “base” do governo, e fará questão de manter uma certa distância, assim como fez com Bolsonaro - podendo até barrar algumas pautas que venham do executivo.
E segundo, há uma certa insatisfação com o travamento das negociações por cargos para os partidos, questão à qual Lira é o principal interlocutor - e obviamente está sendo cobrado. Nos corredores, a informação é de que as coisas precisam “voltar a andar” até o fim deste mês.
Com o fim do carnaval, o caminho mais provável é que Lira feche as composições das comissões temáticas da casa, e durante o mês de março encaminhe as nomeações para segundo, terceiro e quarto escalões do governo, para seus próprios indicados e de aliados. Só depois disso, o congresso deve mexer nos temas polêmicos que vêm do Planalto.
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