Empenhado em aprovar a reforma tributária do governo Lula antes do recesso do congresso nacional, o alagoano Arthur Lira trouxe para si dificuldades que não esperava encontrar quando acolheu a ideia de Lula. A gritaria entre deputados do centrão e até entre aliados está fora de controle.

Segundo o site Congresso em Foco, Lira cancelou uma reunião com líderes partidários marcada para esta terça (04) em sua residência oficial, em Brasília, diante da forte reclamação de deputados pelo não cumprimento de acordos por parte do governo.

Quando da aprovação, aos ‘45 do segundo tempo’ da MP 1154 que regulamentava a organização dos ministérios, Lira já havia dado o recado a Lula de que “o governo teria que andar com as próprias pernas” - ou seja, teria que organizar sua relação com o parlamento - leia-se cumprir os acordos com os quais se comprometeu.

Esses acordos ainda não foram cumpridos. Cargos de segundo e terceiro escalões, além de emendas parlamentares ainda do período da PEC da transição - principal moeda de troca do congresso - ainda não foram liberados.

Lula acenou com uma resolução para a questão, ordenando ao seu núcleo político a criação de uma força-tarefa para organizar as nomeações pendentes, mas até agora nada saiu do papel. Na esfera econômica, o governo liberou esta semana cerca de 500 milhões de reais em emendas, nada perto dos 7,6 bilhões que o orçamento federal permite para 2023.

Para conter o risco de derrota no plenário, Lira trabalha como bombeiro do governo e esfria por alguns dias a discussão, ao mesmo tempo em que cobra Lula por uma solução. O tempo corre contra o governo.