Uma denúncia protocolada no Ministério Público Federal deve ensejar uma investigação do órgão sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) da cidade de Craíbas, no agreste alagoano.

Segundo farto material enviado ao MPF, ao qual o Portal 7Segundos teve acesso, supostos professores foram contratados para ensinar alunos do EJA em localidades da zona rural do município, sendo eles os responsáveis pela matrícula dos alunos em suas turmas.

Entretanto, a denúncia constata que as matrículas dos alunos são fictícias, sendo na verdade pessoas das comunidades que ‘ajudam’ entregando seus documentos para inclusão no projeto aos professores, já que estes necessitam de alunos em suas turmas para a devida remuneração.

A denúncia afirma ainda que o aliciamento de alunos por parte dos professores é incentivado pela gestão da educação, já que o município recebe recursos do Fundeb de acordo com a quantidade de alunos matriculados. Em quatro anos, o número de alunos desta modalidade saltou de 890 (em 2020) para 2.769 (em 2024), aumento de cerca de 210%.

O documento protocolado no MPF aponta para duas escolas, nos povoados Areia Branca e Serrote dos Neres, onde a discrepância entre o número de supostas turmas do EJA e a estrutura do local tornariam impossível o funcionamento normal dos trabalhos.

Nessas escolas, segundo números enviados pela gestão da educação de Craíbas ao MEC, existem 14 turmas em cada escola, todas funcionando no período noturno - sendo que os prédios das escolas têm apenas três salas de aula cada um. Ou seja, se os números estivessem corretos, seriam entre quatro e cinco turmas numa mesma sala, ‘estudando’ ao mesmo tempo, com professores diferentes, temas diversos entre si.

“Para se ter uma noção, este ano letivo, estão matriculados na escola Jorge de Lima 318 alunos da Educação de Jovens e adultos distribuídos em 14 turmas, lotados nos mesmos dias e horários (de segunda a sexta das 18h as 22h), escola essa com apenas 2 ou 3 salas de aula de poucos metros quadrados”, diz trecho da denúncia obtida pelo 7Segundos.